Pesquisadores do MIT anunciaram nesta semana a criação de um sensor flexível que pode ser enrolado e engolido. Depois de ser engolido, o sensor pode se conectar às paredes do estômago ou intestino do paciente (conforme necessário) para medir as contrações do órgão e ajudar a diagnosticar doenças e problemas em seu sistema digestório. 

O sensor desenvolvido pelos cientistas mede dois centímetros por dois centímetros e meio – aproximadamente o tamanho de um selo postal – e pode ser enrolado e colocado em uma cápsula. Quando a cápsula é ingerida, ela chega até o estômago do paciente e, lá, se dissolve, permitindo que o sensor se afixe na parede do órgão ou, então, siga até o intestino e se estabeleça por lá.

Comendo ouro

Esse sensor é composto por um material piezoelétrico colocado entre dois eletrodos: um de ouro na parte de cima, e outro de platina na parte de baixo. Esse conjunto é colocado em um polímero com flexibilidade semelhante à de pele humana. Com isso, ele consegue se afixar nas paredes internas do trato gastrointestinal sem se danificar ou machucar o paciente.

O material piezoelétrico gera corrente elétrica e voltagem quando é deformado mecanicamente (ou seja, quando ele é amassado). Dessa maneira, ele consegue detectar movimentos feitos pelo estômago ou pelo intestino do paciente e transmitir essas informações de maneira remota. Com isso, eles podem ajudar a diagnosticar problemas que afetam a capacidade desses órgãos de se moverem de maneira autônoma.

Além disso, segundo Giovanni Traverso, um dos pesquisadores envolvidos no estudo, ele também pode ajudar no tratamento de pessoas com obesidade, pois permite monitorar com precisão quando elas ingerem comida ou bebida. “Ter uma ideia do que o paciente está ingerindo é bem útil, porque às vezes é difícil para o paciente se policiar e saber ao certo ele está consumindo”, disse Traverso. 

Fazendo das tripas informação

Segundo o MIT, os testes já realizados com porcos mostraram que o sensor é capaz de se manter ativo no trato gastrointestinal por dois dias. No entanto, os sensores ainda não foram testados em humanos. Ainda assim, eles são mais seguros do que sensores semelhantes já existentes, pois são mais flexíveis e menos invasivos.

De qualquer maneira, os pesquisadores pretendem continuar aprimorando o dispositivo antes de usá-lo de maneira ampla. Um dos objetivos deles é aproveitar a corrente e a voltagem geradas quando o sensor é amassado para dar energia ao próprio sensor. Dessa forma, não seria necessário colocar nenhum tipo de bateria nele, o que faria com que ele fosse ainda mais seguro.