Pouco menos de um mês após o chefe de um dos maiores bancos de investimento do mundo classificar a bitcoin como uma fraude, outro gigante do setor começou a se movimentar no sentido oposto para possivelmente investir nesse mercado.
Nesta segunda-feira, 2, o Wall Street Journal reportou que o Goldman Sachs Group estuda a possibilidade de entrar na área das criptomoedas. Embora a informação tenha vindo de fontes anônimas, uma porta-voz da empresa confirmou a história: “Em resposta ao interesse dos clientes, estamos explorando como servi-los melhor nesse espaço.”
Os esforços estariam em estágio inicial e podem até não vingar, segundo as fontes do WSJ. Se o projeto for adiante, porém, ele pode dar mais impulso para uma moeda que em 2017 já chegou a valer mais de US$ 5.000. Ainda mais porque os analistas do Goldman Sachs não veem a bitcoin como um ativo como ouro e ações, e sim como método de pagamento que poderia ser usado nas trocas.
Lançada em 2009, a bitcoin fez a alegria de grupos anarquistas, que finalmente encontraram uma forma de realizar transações financeiras sem a dependência de um poder centralizador como governos e bancos. Mas ela também chamou a atenção de organizações criminosas, tendo rapidamente se tornado principal meio de troca em operações como comércio ilegal e suborno — tanto que grandes ataques hackers costumam demandar resgates em bitcoin.
Essa natureza selvagem da moeda fez com que muitas organizações e governos mantivessem distância dela, o que inclusive levou Jamie Dimon, chefão do JP Morgan, a fazer pesadas declarações contra o formato no mês passado.
Dimon chegou a afirmar que a bitcoin é uma bolha fadada a explodir, deixando seus investidores pobres, mas ela continua sendo abraçada cada vez mais por indivíduos e empresas. Até governos começaram a olhar com mais carinho para a bitcoin, sendo que o japonês trouxe o formato para a formalidade e o norte-americano vem se debruçando sobre a tecnologia por trás das criptomoedas (a tal da blockchain).
Enquanto isso, startups passaram a evitar os bancos e, ao invés de arrecadar investimento por meio de ofertas públicas de ações (IPOs), optam por ICOs, que são operações em que a empresa vende tokens digitais, e não ações para levantar dinheiro.
Nesse cenário, fica cada vez mais difícil para os bancos de Wall Street ignorar a bitcoin. Com o JP Morgan fora da jogada, o Goldman Sachs tem a oportunidade de brilhar no mercado, caso o formato continue crescendo em adoção e se transforme em algo mais confiável no futuro.