Apesar de ainda existir preconceito, a profissão de gamer tem, nos últimos anos, ganhado mais notoriedade e perdido o estigma de “perda de tempo”. Em alguns países, como a Coreia do Sul, os esportes eletrônicos são uma das paixões do público jovem, ultrapassando outros esportes.

Quem pensa que o sucesso vem sem esforço está enganado. “Normalmente pratico de 10 a 12 horas por dia. Acordo tarde, por volta das 10h, e depois do café da manhã, treino das 11h às 17h. Então janto e volto a treinar até as 22h. Faço um rápido intervalo e continuo até as 2h. Só aí vou para a cama”, explica Won Mun Seong, conhecido pelo nome de MMA.

Ji Sung Choi, outro jovem conhecido no mundo dos e-sports, tem uma rotina parecida com a de Seong.  “Acordo às 10h. Tomo café da manhã e treino até as 17h. Depois disso, janto. Faço um intervalo entre as 17h e as 19h. Treino até a meia-noite e vou para a cama às 3h”.

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Salários

Os dias de treinos árduos têm recompensa. Jogadores como eles ganham prêmios que chegam a US$ 250 mil, quase R$ 1 milhão, além do patrocínio de empresas. “Quando era mais novo e passava horas jogando, meus pais sempre me tiravam o computador. Chegaram até a quebrá-lo. Mas hoje eles me apoiam – quando estou treinando preparam até lanches para mim”, conta Choi.

Mercado

Os esportes eletrônicos estão trazendo dinheiro para muita gente. Além dos jogadores, indústrias como a de entretenimento acabam faturando com a popularização do setor. O comentarista Nick Plot, conhecido como Tasteless, é um bom exemplo. Nascido nos Estados Unidos, ele vive em Seul e fatura narrando competições de e-sports.

“Basicamente, meu trabalho consiste em explicar o que está acontecendo e torná-lo mais palatável ao espectador comum, então falamos sobre as estratégias, mas tentamos evitar terminologias muito específicas desse universo. Também tentamos interagir com nossos espectadores”, explica.

Futuro

Para Choi, no futuro, os torneios eletrônicos serão tão populares quando o futebol, por exemplo. “O esporte eletrônico é uma competição emergente. Daqui a alguns anos será igual a grandes eventos como futebol, basquete ou beisebol”, aposta. Apesar disso, o jovem, que tem quase 30 anos, teme perder espaço para jogadores mais novos e com um raciocínio mais rápido. Como acontece com os esportes famosos, com o envelhecimento, as chances de perder espaço se multiplicam.

O narrador Dan Stemkoski, conhecido como Artosis, acredita que a visão de que o videogame seja uma perda de tempo está mudando. “Meus pais certamente pensaram nisso quando eu treinava todos os dias, mas acho que se você pensar bem, trata-se de algo que pode ser mais aceito. É um esporte que está se tornando mais respeitado, está se tornando mais profissional e se espalhando”, opina, afirmando que não se trata de um esporte para preguiçosos. “Você precisa ter um estilo de vida saudável. Você precisa tentar exercitar sua mente e falar com outras pessoas, não pode viver como um ermitão”.

Via BBCBrasil