Um estudo encomendado em 2015 pela Comissão Europeia não encontrou indícios de que a pirataria prejudique os detentores de direitos autorais. Ainda assim, o estudo foi ignorado por anos, e só foi divulgado agora.

A empresa holandesa Ecory foi contratada para medir o impacto da pirataria nas vendas de produtos de entretenimento. A pesquisa final, com 304 páginas, foi enviada para a Comissão Europeia em maio de 2015.

Os resultados do estudo não indicaram nenhuma evidência estatística de que as vendas de jogos, discos musicais e ingressos de filmes sejam prejudicadas pela pirataria. Não significa que a pirataria seja inofensiva para a indústria, e sim que não há nenhum dado conclusivo para dizer se de fato ela prejudica ou não.

Em algumas circunstâncias, a pirataria até se provou benéfica para as vendas, como no caso de alguns jogos. Mas ao menos um setor é prejudicado por downloads ilegais: os grandes blockbusters do cinema perdem espectadores por causa da pirataria. Segundo o estudo, para cada dez filmes assistidos ilegalmente, quatro têm seu consumo legal prejudicado.

Por algum motivo, o estudo foi deixado de lado pela Comissão Europeia. Trechos dele acabaram sendo incluídos em um artigo acadêmico feito por dois oficiais da Comissão Europeia falando sobre a relação entre a pirataria e a queda na bilheteria de blockbusters, mas ignorando os outros pontos abordados pela pesquisa.

O estudo só foi divulgado agora devido ao trabalho da parlamentar europeia Julia Reda, do Partido Pirata Alemão, que conseguiu a íntegra da pesquisa a partir de um pedido de acesso ao documento com base na liberdade de informação.