WhatsApp teria se recusado a criar brecha proposital para o governo britânico

Renato Santino20/09/2017 22h20, atualizada em 20/09/2017 22h30

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Não é só no Brasil que o WhatsApp enfrenta o Estado e impede que autoridades tenham acesso a conversas de seus usuários, mesmo com mandado judicial. Segundo a publicação britânica Sky News, o aplicativo se recusou a criar uma “porta secreta” para o governo do Reino Unido acessar as mensagens trocadas pelo público.

A matéria menciona uma estatística de que 80% das investigações relacionadas a crimes graves e terrorismo acabam afetadas pela criptografia de aplicativos como WhatsApp e Telegram. A proteção às mensagens oferecida por esses serviços tem sido aproveitada para que extremistas consigam organizar seus planos sem intervenção policial.

Do outro lado, as empresas como o WhatsApp têm se oposto fortemente a criar brechas propositais em seus serviços para quem quer que seja. A justificativa é sempre a mesma: uma vulnerabilidade deixada de propósito para usos “nobres” poderá e provavelmente vai ser descoberta por quem quer usá-la para fins escusos, o que acaba expondo uma base gigantesca de pessoas a uma série de ameaças que podem causar roubos de informações privadas e prejuízos financeiros sérios.

Foi a mesma justificativa que a Apple usou quando se recusou a criar uma brecha para destravar um iPhone 5c usado pelo responsável por um atentado na cidade americana de San Bernardino, na Califórnia. Tim Cook alega que o enfraquecimento da criptografia era danoso apenas aos usuários legítimos, enquanto terroristas e autores de outros crimes graves encontrariam outras formas de se comunicar.

No caso específico do WhatsApp, a empresa costuma alegar ainda que não pode entregar o que não possui. A empresa usa criptografia de ponta a ponta, que significa que as mensagens saem embaralhadas do celular do remetente e só são decifradas no celular do destinatário. O conteúdo não pode ser compreendido por qualquer intermediário, incluindo a empresa, que acaba descartando as mensagens de seus servidores assim que elas encontram seu destino. Desta forma, quando as autoridades pedem informações, a única coisa que o WhatsApp pode fornecer são metadados, que são os dados sobre as mensagens, e não o conteúdo em si, como quem mandou mensagem para quem, a que horas, nome do usuário, endereços de IP, que ajudam a identificar alguém, mas estão longe de ser tão úteis para investigadores quanto o conteúdo total das mensagens trocadas.

A empresa também afirma que coopera com as autoridades sempre que possível, mas apenas depois de uma análise cuidadosa. “Nós verificamos cautelosamente, validamos e respondemos às solicitações das autoridades baseadas em leis e políticas aplicáveis e priorizamos respostas em situações de emergência”, diz o WhatsApp em seu site.

Renato Santino é editor(a) no Olhar Digital