Se você já ficou sem celular por ele ter sido quebrado, roubado ou perdido, deve saber que a sensação não é nada boa. E pesquisadores acreditam que ela só deve piorar no futuro: segundo o professor Ki Joon Kim da Universidade de Hong Kong, ela pode acabar tornando-se uma espécie específica de ansiedade causada por separação.
Em entrevista ao jornal nacional escocês, Kim argumentou que esse tipo específico de ansiedade – que ele chama de “nomophobia”, do inglês “no mobile phone” (sem celular) – não tem a ver com a incapacidade de fazer ou receber ligações. Ela se deve ao fato de que os celulares são uma parte de nossa identidade e funcionam como uma espécie de extensão de nós mesmo.
“Quando os usuários percebem seus celulares como uma extensão de si, eles têm maior probabilidade de criar um vínculo com o aparelho, o que, por sua vez, leva à nomophobia”, disse ele. No futuro, ela pode acabar se tornando um tipo de ansiedade a ser tratada separadamente; Kim, ao menos, já a estuda dessa maneira.
Em parte, isso ocorre por causa dos aplicativos e redes sociais. Como o Ubergizmo aponta, apps como o Facebook, o WhatsApp, o Instagram e o Twitter são maneiras essenciais para entrarmos em contato com nossos amigos e parentes; ficar sem eles significa, até certo ponto, ficar sem os amigos e parentes.
Fatores de risco
Isso acontece porque, segundo um estudo publicado por Kim em parceria com pesquisadores sul-coreanos, a capacidade do celular evocar memórias pessoais aumenta a probabilidade de que os usuários o vejam como uma extensão de si. E a presença dessas redes sociais, bem como de fotos e arquivos pessoais importantes ao usuário, aumentam a chance de que o dispositivo evoque memórias pessoais em seu dono.
Kim acredita que, no futuro, essa tendência deve se acentuar. “Desenvolvimentos recentes de aplicativos e celulares parecem inevitavelmente aumentar o apego dos usuários, pois a tecnologia e os serviços relacionados se tornam cada vez mais personalizados e customizáveis”, afirmou.
Por isso, ele acredita que é importante tomar um cuidado consciente com esse risco – e que desativar os celulares totalmente não seja a melhor solução. “Usuários devem ficar atentos para não se tornar demasiadamente dependentes de seus celulares, mas ao mesmo tempo usufruir das capacidades dessa tecnologia”, considera.