Os smartphones são feitos para facilitar nossa vida e na maioria das vezes é o que eles fazem. Porém, um artigo da psicóloga Jean M. Twenge publicado no Atlantic indica que a tecnologia pode ser o motivo do aumento de casos de depressão em adolescentes.

Segundo Twenge, aqueles que nasceram entre 1995 e 2012 – a quem se refere como a geração “iGen” – são os mais afetados negativamente por smartphones. Aparentemente, por causa dos smartphones e o fato de estarmos conectados o tempo todo, a iGen se tornou uma geração mais deprimida em comparação com os Millennials.

Os nascidos nessa época estão crescendo com smartphones e não se lembram de um tempo antes da internet. Os Millennials também cresceram na web, mas a tecnologia não estava sempre presente em suas vidas.

“Os adolescentes hoje diferem dos Millennials, não apenas em suas opiniões, mas em como eles gastam seu tempo. As experiências que eles têm todos os dias são radicalmente diferentes das da geração que surgiram apenas alguns anos antes deles”, afirma a psicóloga.

A chegada do smartphone mudou radicalmente todos os aspectos da vida dos adolescentes, desde a natureza das suas interações sociais até a saúde mental. De uma forma geral, os iGen estão menos propensos a se envolverem em um acidente de carro ou começar a ingerir bebidas alcoólicas cedo, pois passam mais tempo em seus quartos; por outro lado, psicologicamente, eles são mais vulneráveis, tanto que as taxas de depressão e suicídio juvenis se dispararam desde 2011.

Pesquisas mostram que os jovens estão entrando no mercado de trabalho cada vez mais tarde, no final da década de 1970, por exemplo, 77% dos alunos do último ano do ensino médio trabalhavam, enquanto que em 2010, apenas 55% faziam o mesmo.

Além disso, caiu também o número de namoros entre adolescentes e na obtenção da carteira de motorista. Apenas 56% dos estudantes do último ano do ensino médio tiveram encontros em 2015, enquanto que essa taxa era de 85% para os adolescentes das gerações Boomers e X.

A internet é a principal culpada na redução de interações pessoais entre os jovens, sendo que eles mantêm as conexões via redes sociais. Os resultados são de que os adolescentes que passam mais tempo diante de um celular ou computador são mais propensos a ser infelizes.

Os alunos que estão terminando o ensino fundamental que passam 10 ou mais horas por semana nas redes sociais têm 56% mais probabilidades de dizer que são infelizes do que aqueles que dedicam menos tempo às redes sociais. Já aqueles que passam de seis a nove horas por semana em redes sociais são 47% mais propensos a dizer que são infelizes. “Os sentimentos de solidão dos adolescentes aumentaram em 2013 e permaneceram altos desde então”, afirma Twenge.

Os adolescentes que passam três horas ou mais por dia em dispositivos eletrônicos são 35% mais propensos a ter um fator de risco para o suicídio, sendo que desde 2007 a taxa de homicídios entre adolescentes diminuiu, mas a taxa de suicídio aumentou.

E as mulheres são as mais afetadas. Os sintomas depressivos dos meninos aumentaram 21% entre 2012 e 2015, enquanto as meninas cresceram 50% no mesmo período. O aumento do suicídio também é mais pronunciado entre as meninas; embora a taxa tenha aumentado para ambos os sexos, três vezes mais meninas de 12 a 14 anos se mataram em 2015.

O smartphone também está reduzindo as horas de sono dos adolescentes. Os especialistas do sono dizem que os adolescentes devem ter cerca de nove horas de sono por noite, porém, muitos dormem menos de sete horas porque ficam checando as redes sociais.