‘Revolucionário’, ônibus chinês que circulava sobre os carros era uma fraude

Renato Santino03/07/2017 20h19

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Há algum tempo, a notícia de um ônibus elevado na China ganhou o mundo. A ideia parecia interessante, talvez até mesmo revolucionária: um ônibus que circula sobre a via, permitindo que os carros passem por baixo dele, o que possibilita que ele não seja afetado pelo tráfego ao mesmo tempo em que colabora para desafogar o trânsito. A proposta foi vista ao mesmo tempo com otimismo e desconfiança; agora parece que o segundo grupo estava mais certo.

Com o passar dos meses, o Transit Elevated Bus (o nome do veículo, que chamaremos de agora em diante pela sigla TEB) se provou ser mais um problema do que uma solução. Quando a CNN visitou a cidade de Qinhuangdao para verificar a situação, ficou claro que o que deveria resolver o trânsito só o piorou. O TEB, instalado apenas para testes, só fez algumas viagens e se transformou em um obstáculo gigantesco nas ruas da cidade sob o qual os carros não passam.

Agora, vários meses após o TEB virar um transtorno, ele foi aposentado e colocado em uma garagem no final do mês de junho. No entanto, as autoridades chinesas acreditam que o caso seja muito mais do que um simples projeto fracassado; existe uma suspeita real de fraude, e as investigações foram abertas durante o final de semana.

Como informa o Financial Times, as suspeitas giram em torno de uma captação ilegal de recursos por meio do site Huaying Kailai; mais de 30 pessoas associadas à plataforma de investimentos já foram detidas. O departamento de polícia do distrito de Dongcheng também afirma que está trabalhando para recuperar o dinheiro dos investidores com a empresa e pediu que indivíduos que tenham colocado dinheiro no projeto procurem sua delegacia de polícia local.

Assim morre o projeto considerado revolucionário. A parte técnica nunca foi para frente, mas o que realmente decretou o seu fim foi o muitas vezes suspeito mercado de empréstimos “p2p” da China, que cresce de forma rápida e descontrolada, criando situações como a do TEB.

Renato Santino é editor(a) no Olhar Digital