Nesta quinta-feira, 29 de junho de 2017, são completados 10 anos de um evento que mudou para sempre a indústria de tecnologia. É o dia em que os primeiros iPhones foram colocados à venda, ditando uma alteração gigante de paradigmas no mercado, que até então separava os computadores pessoais e os celulares.
Para entender bem o que foi o acontecimento, é necessário voltar para 2007. Naquela época, já havia smartphones; muitos se esquecem, mas a Apple não foi a primeira a apostar no mercado. Celulares conectados, telas sensíveis ao toque, tudo isso já existia. Então por que foi logo o iPhone que ficou marcado como o grande celular da época?
Se voltarmos uma década no passado e reassistirmos o evento de apresentação do primeiro iPhone, que a partir de agora chamaremos de iPhone 2G, podemos ter algumas pistas sobre as características que fizeram com que a Apple ditasse as tendências a partir daquele instante. O vídeo abaixo traz a apresentação na íntegra e legendada em português, se você quiser saber do que estamos falando.
Sem considerar o “campo de distorção da realidade de Steve Jobs”, que realmente é capaz de mudar a percepção que você tem sobre algum produto, fica muito claro que alguns pontos da apresentação faziam muito sentido. Os primeiros smartphones, na época do lançamento do iPhone 2G realmente tinham um problema grave de usabilidade, que faziam com que muitos usuários simplesmente não tirassem proveito das funcionalidades.
Talvez a principal aposta de Jobs no primeiro iPhone se chama multi-touch, que é a capacidade do painel capacitiva de 3,5 polegadas (considerado enorme para a época) reconhecer vários toques simultaneamente na tela, em uma época em que a maioria dos aparelhos apostavam em teclados físicos ou uma stylus que funcionava com telas resistivas, uma tecnologia que o tempo tratou de enterrar quase totalmente.
O multi-touch foi primordial para concretizar a visão de Jobs de um celular sem teclado físico. O fundador da Apple via o tecladinho de plástico como um limitador das capacidades do celular, uma vez que ele permanecia em seu lugar eternamente, independentemente de o usuário precisar dele ou não. Isso forçava as telas a serem muito pequenas e restringia a usabilidade do aparelho e dos aplicativos; afinal de contas, se você pensar em uma nova funcionalidade que necessite de um novo botão, não há nada que pode ser feito, uma vez que o aparelho já está na mão do consumidor. A virtualização total do teclado deu maior liberdade para inovação, e foi um padrão determinante até hoje para a indústria. Imagine se toda a App Store precisasse responder ao mesmo teclado físico?
A integração com o iTunes também foi chave para o sucesso do iPhone, uma vez que o iPod ainda gozava de grande popularidade em 2007. A possibilidade de integrar celular e o reprodutor de músicas em um único dispositivo é algo que hoje é banal, mas na época não era comum. Com o preço alto de US$ 500, o argumento de que o dispositivo valia por dois foi extremamente importante para o iPhone 2G convencer o público.
A parte de software tornou-se importante, com o iOS estando bastante à frente do que existia em 2007, embora a principal revolução viesse em 2008, com a introdução da App Store. Uma loja para aplicativos e jogos que poderiam ser baixados livre e facilmente pelos usuários, com grandes vantagens para desenvolvedores que poderiam alcançar grandes números de usuários e vender seu software. O iPhone 2G viria a receber a loja graças a atualizações do sistema operacional.
Por fim, o primeiro iPhone era bonito, especialmente se comparado com os modelos que Steve Jobs optou por detalhar no palco enquanto mostrava o seu celular que chamava de revolucionário. Ficava muito claro que na época a função predominava sobre a estética no mercado de celulares; foi só aparecer algo que parecia mais agradável para chamar a atenção do público consumidor.