A paulada foi muito mais violenta do que se imaginava. Há pouco mais de uma semana, circulou a especulação de que o Google receberia uma multa recorde na União Europeia por práticas anticompetitivas. Hoje, o bloco resolveu falar oficialmente sobre o caso, revelando que, apesar de certos, os rumores eram conservadores.

Isso porque, quando se falava de recorde, imaginava-se algo um pouco acima da até então mais alta punição já aplicada pela Comissão Europeia — o € 1,06 bilhão da Intel, em 2009. Só que o órgão acertou o Google com uma multa de € 2,42 bilhões, o que dá mais de R$ 8,9 bilhões, em conversão direta.

“O Google surgiu com muitos produtos e serviços inovadores que fizeram diferença em nossas vidas. Isso é uma coisa boa”, frisou a comissária Margrethe Vestager, em nota. “Mas a estratégia do Google para seu serviço de comparação de preços não estava apenas atraindo clientes com a criação de produtos que fossem melhores que os dos concorrentes. Em vez disso, o Google abusou da sua dominância de mercado como um mecanismo de busca ao promover seu próprio serviço de comparação de preços nos resultados das pesquisas e rebaixando os de competidores.”

Reprodução

“O que o Google fez é ilegal sob as regras antitruste da União Europeia”, continuou a comissária. “[A empresa] negou a outras companhias a chance de competir em mérito e de inovar. E, mais importante, negou aos consumidores europeus a escolha genuína por serviços e aos benefícios completos da inovação.”

A gigante de tecnologia precisa interromper a prática dentro de 90 dias; caso contrário, está sujeita a multas que chegam a 5% da média diária de volume de negócios global da Alphabet, empresa-mãe do Google.

Uma investigação sobre o assunto vem sendo realizada desde 2010, mas, no ano passado, o conselheiro-geral da companhia, Kent Walker, publicou um texto dizendo que a União Europeia não tinha evidências suficientes para chegar a um veredito acusatório. Assim, era de se esperar que o Google entraria com um pedido de apelação, algo que foi confirmado nesta terça-feira, 27. Isso fará com que o caso se arraste por mais alguns anos.

Em comunicado assinado pelo próprio Walker, a companhia afirma que a decisão da Comissão “subestima o valor de conexões rápidas e fáceis”. “Embora alguns sites de comparação de produtos naturalmente querem que o Google os mostre de forma mais proeminente, nossos dados revelam que as pessoas geralmente preferem links que as levem diretamente aos produtos que elas querem, e não a sites em que terão de repetir as pesquisas.”

“Acreditamos que nossos resultados atuais para compras são úteis e [representam] uma versão muito melhorada das publicidades em texto que mostrávamos uma década atrás”, segue Walker. “Mostrar anúncios que incluem fotos, avaliações e preços beneficia a nós, nossos anunciantes e, acima de tudo, nossos usuários.”