Você pode ser monitorado mesmo usando o modo anônimo; entenda como

Renato Santino09/06/2017 17h14, atualizada em 09/06/2017 17h20

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A aba anônima do seu navegador tem várias utilidades; a mais comum, é a visualização de conteúdo adulto sem deixar rastros no histórico. A mais nobre aplicação, no entanto, é a possibilidade de navegar e fazer pesquisas de preços sem criar cookies de rastreamento, que causam a incômoda situação de anúncios persistentes que ficam te seguindo em todo o site que você entra.

Mas o fato é que sites realmente empenhados em monitorar o seu acesso ainda podem fazer isso, mesmo quando você utiliza a sua aba anônima do navegador. Existem alternativas que vão além dos cookies, que permitem identificar o usuário, seu comportamento e guardar essa informação, mesmo quando ele não está logado em nada.

Sim, Google e Facebook, entre várias outras empresas, monitoram o que você acessa online por meio de múltiplos plug-ins que são disponibilizados em praticamente todos os sites mais usados no mundo. Basta estar com sua conta logada, e você está vigiado. No entanto, existe, sim, como fazer isso sem qualquer login, sem qualquer cookie.

Uma das técnicas que existem para isso se chama “browser fingerprinting”, que na boa tradução para o português nada mais é do que a impressão digital do navegador. Você pode não saber, mas o seu navegador é basicamente único. Existem uma gama de configurações que são informadas ao site visitado. Esses dados podem ser usados para criar um perfil muito detalhado do seu browser, que pode ser salvo no banco de dados da empresa.

Assim, se você entrar em um site qualquer, usando ou não a aba anônima, ele pode guardar essas informações. E quando você voltar a acessar a página, as suas informações poderão ser puxadas desse banco de dados, independentemente se você está usando o modo incógnito ou não.

O que isso significa é que empresas podem, a qualquer momento, começar a te seguir pela internet, mesmo se você só faz pesquisas anonimamente. Vamos pegar o Google como possível exemplo: suponhamos que você esteja procurando por um celular no buscador para fazer comparação de preço usando o modo incógnito. A empresa pode pegar a impressão digital do seu navegador e guardar essa sua pesquisa. Depois, quando você acessar o Google de forma não-incógnita, usando sua conta, as mesmas informações podem ser puxadas do banco da empresa e vinculadas à sua conta, efetivamente matando qualquer vantagem que você tenha ao usar o modo anônimo do navegador.

Duvida?

Um site criado pelo desenvolvedor identificado como Gautan Krishna.R mostra bem o problema. A ferramenta se chama “Are You Anonymous?” e está disponível neste link. A ideia é provocar a reflexão sobre a utilidade do modo incógnito dos navegadores, com um teste muito simples.

Basta você incluir um nome, não precisa nem ser o seu verdadeiro, enquanto acessa o site na aba anônima do Chrome ou de qualquer outro browser. Em seguida, o site convida o usuário a acessar novamente a página, desta vez na aba convencional do seu navegador. Você vai ver que ele ainda consegue identificar o nome que você forneceu no seu primeiro acesso. O mesmo vale se o processo for o contrário e você acessar primeiro de forma “pública” e depois de forma “privada”. O sistema inclusive vai funcionar em duas sessões anônimas distintas.

Então para que serve o modo incógnito?

Por mais que ele seja efetivamente inútil para fugir do monitoramento do seu acesso, o modo anônimo ainda consegue manter informações em sigilo de pessoas que compartilham o computador com você. Além disso, mesmo que o monitoramento ainda exista, pelo menos o modo anônimo ainda se mostra eficaz em evitar que anúncios te persigam por toda a internet; só não se sabe até quando.

Renato Santino é editor(a) no Olhar Digital