Memes, bots e perfis falsos. Quando a política é viral

Em mídias sociais, quando maior o volume de interações, maior a popularidade e o "recall" da marca
Redação10/05/2017 14h05

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Reprodução

“Só porque você não se interessa pela política
não significa que a política não vai se interessar por você. “

Péricles (Estadista ateniense, 495-429 a.C.)

Em setembro de 2016 fiz um estudo das contas de Twitter dos principais candidatos a prefeitura de São Paulo (@celsorussomano, @marta_prefeita, @luizaerundina, @haddad_fernando e @jdoriajr). Algumas constatações iniciais: Erundina, Dória e Russomano  haviam iniciado suas contas em meados de 2009, Marta em 2010 e Haddad em 2011. Dória, único que não era político de carreira, já possuía o dobro de tweets dos demais candidatos, perdia em seguidores somente para Haddad e era o candidato que aparecia em mais listas, além de ser o mais “mencionado” e ter média mais elevada de tweets por dia (2.49). Observando os gráficos de uso da ferramenta, Dória usava a ferramenta com regularidade, mesmo antes das eleições, mantendo contato constante com seus seguidores. O gráfico dos demais candidatos mostrava uma sazonalidade, isto é, somente no período da eleição as atividades (tweets, menções, retweets) ganharam volume.

Ao menos no Twitter, o candidato João Dória  destacava-se dos demais. Seria João Dória eleito? Minha análise não permitia chegar a esta conclusão, pois precisava de dados de outras redes (Facebook e Youtube por exemplo) para depois aplicar um modelo probabilístico. Entretanto, em mídias sociais, quando maior o volume de interações (retweets, compartilhamentos, comentários/respostas), maior a popularidade e o “recall da marca”.

Política viral

Viral, vem de vírus, associação direta com rápido multiplicação e propagação. A adoção do termo “viral” foi adotado pelo Marketing digital e sua melhor melhor definição é dos professores Lance Porter e Guy Golan da Universidade Estadual de Louisiana: “É a comunicação ponto-a-ponto não paga de conteúdo provocativo proveniente de um patrocinador identificado usando a Internet para persuadir ou influenciar uma audiência para assistir ou ler este conteúdo.” Em campanhas publicitárias, mensagens virais sobre marcas são distribuídas para consumidores em potencial, que então passam a informação para outros consumidores com alto potencial de propagação. A política viral segue a mesma lógica e objetivos, fazendo uso de algumas ferramentas. Memes, bots e perfis falsos são algumas delas.

Meme é um termo cunhado pelo biólogo Richard Dawkins em seu bestseller O Gene Egoísta (1976). Dawkins define memes como pequenas unidades culturais de transmissão, análogas aos genes, que se multiplicam de pessoa para pessoa por cópia ou imitação. No ciberativismo, memes são criados muitas vezes de forma anônima, fazendo referência a um fato político ou social relevante, possuem altas doses de sarcasmo e teor emocional. No caso, políticos e suas agências de publicidade torcem para algum meme emergir na rede, em especial durante a campanha. Falem bem ou mal, mas falem de mim.

Bots, ao contrário dos Memes, são armas da guerrilha política virtual, são códigos de programa, utilizados com objetivo de destruição (ex. ataque DDoS para derrubar servidores ou sites) e multiplicação em massa de posts favoráveis a um determinado candidato ou prejudiciais a um oponente.

Perfis falsos podem ser criados para difamar candidatos ou ampliar sua popularidade, um efeito muitas vezes imprevisto. No Brasil, o recente caso de Dilma Bolada nas últimas eleições presidenciais é um clássico. Análises de rede realizadas pela profa. Raquel Recuero e publicadas em seu livro Análise de Redes para Mídias Sociais (Editora Sulina, 2015) mostraram que durante debates televisivos Dilma Bolada atingia com seus tweets um público maior que os candidatos à presidência, ampliando assim a visibilidade virtual de Dilma Rousseff. Além disso, o truque de usar um “i“ maiúsculo no lugar do “l” para formar o @diImabr (Dilma Bolada) vs @dilmabr (Dilma Rousseff) ajudava a confundir os internautas. O próprio Jeferson Monteiro, criador de Dilma Bolada, declarou: “Pessoas confundem a presidente com o personagem.”

A política panfletária, televisiva, de palanques e carreatas está morta. Vencerá eleições o candidato que dominar as mídias sociais, a interação constante e de valor com o cidadão conectado.

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Colaboração para o Olhar Digital

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