Um comitê de legisladores britânicos afirmou hoje à Reuters que a saída do Reino Unido da União Europeia (conhecida popularmente como “Brexit”) pode ter sido fruto de uma invasão de hackers. Mais especificamente, o sistema que permitia o cadastro de pessoas para votar no referendo que decidiu pela separação pode ter sido hackeado durante o processo.

Poucos dias antes do prazo final para o cadastro, o site recebeu mais de 1 milhão de acessos de potenciais votadores. Essa onda de acessos derrubou o sistema, e fez o governo estender o prazo para cadastro.

Inicialmente, essa avalanche de cadastros foi atribuída a uma multidão de jovens que deixaram para fazer o processo na última hora. No entanto, o Comitê de Administração Pública e Assuntos Constitucionais do parlamento britânico (PACAC, na sigla em inglês) disse agora que não descarta a possibilidade de que tenha se tratado de um ataque DDoS.

Interferência estrangeira

Embora o relatório do comitê não atribua essa possível interferência política a um grupo específico, ele diz que o comitê “está profundamente preocupado com essas alegações”. Há, de fato, motivos para tal preocupação: no começo do ano, os principais órgãos de inteligência dos Estados Unidos confirmaram que as eleições do país haviam sofrido influência de hackers russos.

O comitê também ressaltou que futuras decisões políticas desse tipo precisarão de garantias mais rígidas de segurança. De acordo com eles, todo o processo que culminou na saída do Reino Unido da União Europeia careceu de planejamento, e acabou também exigindo que o ex-primeiro ministro do Reino Unido, David Cameron, abandonasse seu cargo.

“Não houve planejamento adequado para uma votação sobre a saída, então o referendo criou muita controvérsia e deixou a credibilidade do primeiro ministro destruída”, disse o comitê. Cameron, que instituiu o referendo, era contra a saída, embora muitos dos parlamentares de seu partido fossem a favor. Com o resultado do referendo, ele abandonou o cargo.