Com o Galaxy S8, Samsung se transforma em grande concorrente do Google

Renato Santino30/03/2017 17h43

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A Samsung é uma empresa gigante. Ela é, com sobras, a maior fabricante de celulares Android do planeta. Mas a companhia coreana sempre teve uma rival americana de peso, a Apple, com uma disputa que já é histórica e que envolveu várias vezes o tribunal por acusações de plágio. Como apontou sabiamente uma análise do site The Verge, agora, com uma nova guinada, a Samsung pode arrumar outro concorrente de peso: o Google.

Os celulares da Samsung devem sempre competir com os iPhones. É algo que só deve passar quando o paradigma de computação pessoal mudar para algum outro tipo de produto que venha a substituir o smartphone, o que não deve acontecer tão cedo. O problema é que a Samsung cada vez mais está pensando em um futuro em que seu software será definidor do produto, e não apenas o belo hardware que produz.

Isso já ficou evidente com o Galaxy S8, que é mais do que um celular bonito e poderoso. Ele traz mudanças em software drásticas que serão importantíssimas para o futuro da Samsung, sendo a maior delas a assistente Bixby. O problema disso tudo é que o Android já tem o Google Assistente.

É um dilema antigo. A Samsung sempre lança vários aplicativos e recursos a cada nova geração de celulares. Em muitos casos, o mercado é rápido em taxá-los como “bloatware” (softwares inúteis que são embutidos no sistema), justamente pelo fato de que muitos deles apenas replicam funcionalidades já presentes no Android nativamente como aplicativos do Google.

Até hoje isso não era um problema tão grande, afinal de contas, qual é o prejuízo prático para Google e Samsung se um celular sai de fábrica com o Google Keep e o S-Note ao mesmo tempo? Mas, com a guinada de software da Samsung, as estratégias começam a ficar conflitantes.

A Bixby é mais do que só uma assistente que reconhece sua voz e transforma em comandos no celular. Ela é uma visão de longo prazo da companhia, que acredita que assistentes de voz serão parte fundamental da interação com a tecnologia em um futuro não muito distante. Estão aí o Google Home e o Amazon Echo que provam que toda a indústria está correndo para um mesmo ponto, de produtos que são espalhados pela casa do usuário para responder a comandos sem precisar de uma tela e uma interface de toque.

Para ter qualquer futuro nesse mercado, a Samsung precisa convencer seus usuários a usar a Bixby em vez do Google Assistente. E aí a relação entre as duas empresas vai começar a ficar cada vez mais desgastada. Afinal de contas, o Android ainda é um sistema desenvolvido pelo Google, e as fabricantes de celulares precisam seguir algumas regras para que possam ter acesso aos recursos da companhia, sendo o mais importante deles a loja de apps do Google Play.

O assistente, no entanto, não é o único conflito estratégico entre Google e Samsung. As duas empresas mantêm seu próprio “Pay”, para efetuação de pagamentos de compras pelo celular, com o Samsung Pay e o Android Pay. Tecnicamente, os dois existem no mesmo smartphone, e estão competindo entre si.

Há algum tempo já se diz que a grande briga da tecnologia deixará de ser por hardware, e será por software. O conflito entre Google e Samsung pode e deve se acirrar nos próximos anos, e a única forma de os celulares da empresa coreana se tornarem totalmente livres será adotando um sistema operacional próprio como o Tizen.

Aí fica a dúvida: a Samsung tem uma marca forte o bastante para sustentar um sistema operacional próprio? O que é mais poderoso: Android ou Galaxy?

Renato Santino é editor(a) no Olhar Digital