Testamos: roteador D-Link DIR-879 é um monstro de sinal e alcance

Renato Santino20/03/2017 22h29

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Criar uma rede Wi-Fi consistente na sua casa é difícil. Sim, ligar e configurar um roteador é uma tarefa razoavelmente simples, mas fazer com que tudo funcione de uma forma satisfatória na maior parte do tempo é o verdadeiro desafio.

O Olhar Digital teve a oportunidade de testar o DIR-879, da nova linha EXO, que é uma das apostas da D-Link para tentar solucionar o problema da conexão sem fio. O dispositivo se destaca pelo visual peculiar, inspirado nos modelos mais avançados da empresa, mas o que realmente importa é como ele funciona.

Reprodução

Ficou muito claro em nossos testes que o roteador foi feito para ser o mais amigável possível para o consumidor que não tem tanto conhecimento para mergulhar em configurações complexas. A começar pelo fato de que suas antenas não são destacáveis, o que impede que o usuário as substitua por outras de maior poder e alcance ou por uma antena direcional.

Isso dito, no entanto, não existe muita necessidade de substituir as antenas, porque elas já são bastante poderosas. Eu já tive a oportunidade de mexer em vários roteadores e poucas vezes consegui um sinal melhor na minha casa, que apresenta alguns desafios pesados em termos de redes sem fio.

Aqui cabe um parêntese pessoal. Quando foi instalado o serviço de internet fixa na minha casa, apenas um PC se conectava à internet. Não havia, portanto, necessidade de Wi-Fi, e o modem da operadora ficou alojado ao lado do computador. Com o passar dos anos, surgiram mais computadores, smartphones, Chromecasts, videogames e o Wi-Fi se transformou em necessidade, e a posição do modem também passou a restringir a posição do roteador. O resultado: o roteador está em um ponto da casa, e o meu quarto está em uma outra parte diametralmente oposta, com duas paredes atrapalhando o sinal.

A solução ideal seria puxar um cabo até o quarto, mas também não é uma tarefa simples. O que foi feito para amenizar o problema foi o uso de um repetidor no meio do caminho, o que está longe de ser o modo mais eficaz de lidar com a situação.

E aí voltamos para o DIR-879. Ao instalar o novo modelo da D-Link no lugar do meu roteador pessoal, percebi algo que eu não esperava: os dispositivos do meu quarto passaram a reconhecer o sinal do novo roteador como mais forte do que o sinal do repetidor, que fica muito mais perto.

A D-Link justifica a vantagem em qualidade de sinal de duas formas. A primeira delas é o uso de amplificadores de alta potência de 1.000 mW para distribuir um sinal mais forte pela casa; a segunda é a tecnologia de beamforming, que direciona as ondas de rádio para áreas onde há dispositivos conectados e também favorece um maior alcance.

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Já em termos de velocidade, o aparelho é intermediário. Além de quatro portas Ethernet gigabit, ele oferece duas bandas de Wi-Fi: a primeira alcança 600 Mbps na rede de 2,4 GHz, e a outra chega a 1,3 Gbps na rede de 5 GHz. Os números, no entanto, refletem o máximo teórico que o roteador pode alcançar, enquanto a vida real traz valores um pouco mais modestos.

Em curtas distâncias, a velocidade da banda de 2,4 GHz ficou na casa dos 150 Mbps, e, na de 5 GHz, foram alcançados 600 Mbps. Enquanto isso, em distâncias mais longas, as velocidades ficaram em 70 Mbps e 400 Mbps. Lembrando sempre que essas taxas de transferências são referentes ao seu uso de rede local; para navegação de internet, você ainda será limitado pelo plano contratado com sua operadora.

Vale notar um recurso interessante do roteador, chamado de Smart Connect, que é justamente uma tentativa de simplificar ao máximo o “malabarismo” de tirar um dispositivo da rede de 2,4 GHz para maximizar desempenho na rede de 5 GHz ou fazer o caminho inverso para melhorar o alcance ou para atingir aparelhos que não suportam a frequência mais alta. O recurso coloca o seu aparelho conectado na banda que for mais adequada a ele.

Como dito anteriormente, o roteador parece ter sido simplificado para um público menos familiarizado com recursos mais avançados. O Smart Connect é um exemplo disso, porque, apesar de útil, ele está longe de ser o modo mais eficaz de se conectar. Se você procura ter mais controle sobre a rede e o desempenho, é recomendável desligar a ferramenta e alternar as bandas manualmente.

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A interface web para configurações do roteador também é altamente amigável e agradável, ainda que, novamente, peque pelo excesso de simplicidade. Eu já tive que lidar com algumas interfaces horríveis para fazer ajustes em roteadores no passado, e fiquei positivamente impressionado pelo fato de que finalmente as fabricantes entenderam que conceitos básicos de design também se aplicam nestas ocasiões, tornando a navegação pelas opções muito mais tranquila.

Entre as facilidades estão o acesso rápido à lista de dispositivos conectados à sua rede, o que permite identificar se, por um acaso, algum vizinho espertinho está sugando sua conexão, e a configuração de QoS (sigla em inglês para “qualidade de serviço”), recurso que permite estabelecer prioridades de tráfego. Se você quiser, pode configurá-lo para que seu console de videogame receba prioridade sobre o seu celular quando for necessário, por exemplo, ou para favorecer um download no PC ao mesmo tempo em que reserva um pouco de espaço para conseguir assistir à Netflix na sua TV inteligente. A ideia do QoS é garantir que quem precisa de mais tenha mais, e quem precisa de pouco ainda receba um mínimo confortável para seguir funcionando bem.

Conclusão

O DIR-879 é ótimo quando falamos em alcance e potência do sinal, o que é uma das maiores dificuldades de boa parte dos roteadores que encontramos atualmente no mercado. Ele também é extremamente fácil de configurar, ao ponto que pode decepcionar alguns usuários mais avançados. O Smart Connect é uma solução interessante para lidar com bandas múltiplas de Wi-Fi, mas não é a melhor alternativa para maximizar o desempenho da rede.

Em nossas pesquisas de preço, foi possível encontrar o modelo no varejo variando entre R$ 800 e R$ 1.000, o que não é barato a se pagar por um roteador. O valor, apesar de alto, é compatível com o que o restante do mercado oferece no Brasil em termos de roteadores AC1900. Então, se ele não é barato, pelo menos também não é mais caro que a média, o que o transforma em uma boa opção se você procura algo um pouco mais potente.

Renato Santino é editor(a) no Olhar Digital