A Xiaomi teve um 2016 diferente. A empresa chinesa passou por três anos mágicos, em que surgiu do nada e se tornou a terceira maior fabricante de celulares do mundo; no ano passado, no entanto, seu crescimento ficou abaixo do esperado, dando espaço para que outros novos nomes da China tomassem seu lugar, como Oppo, Vivo e Huawei. Esta mudança no mercado fez com que a empresa repensasse suas estratégias para 2017.

Em comunicado enviado aos funcionários da empresa, o CEO Lei Jun diz que a empresa cresceu rápido demais em seus primeiros anos, criando expectativas irreais de crescimento no longo prazo. Assim, a ideia é começar a fazer mudanças para criar um crescimento mais sustentável.

Uma das alterações mais radicais é a de vendas de seus produtos. Até hoje, a Xiaomi se destacou por comercializar seus produtos unicamente pela internet, o que lhe permitiu otimizar suas margens de lucros eliminando o intermediário, vendendo seus celulares diretamente para o consumidor.

“O e-commerce é só 10% do comércio na China, e o mercado de smartphones online só é 20% do total do mercado para smartphones”, explica Lei Jun. Ao vender apenas pela internet, a empresa limita o seu alcance. “Temos que atualizar nosso modelo de comércio e incorporar as vendas off-line para uma nova estratégia de vendas”, diz o comunicado.

Essa é uma falha estratégia que é frequentemente culpada pelo insucesso da Xiaomi no Brasil. Ao não investir em publicidade e vender apenas pelo seu próprio site, somente os mais aficionados por tecnologia (o tipo de gente que lê sobre o assunto no Olhar Digital) sabiam que o Redmi 2 Pro era um bom celular de entrada com um ótimo preço, na comparação com a concorrência.

Em outros países a estratégia tem se mostrado insustentável. Oppo e Vivo, que são as empresas que ganharam mais notoriedade nos últimos anos, abriram lojas em várias cidades da Índia e da China, o que lhes permitiu conquistar milhões de clientes e ocupar o top 5 mundial mesmo sendo marcas razoavelmente novas e presentes em pouquíssimos países. Para não ficar pra trás, Lei Jun prevê a abertura de 200 lojas da Xiaomi neste ano e pelo menos mais 1.000 em três anos.