A Adobe anunciou na semana passada um aplicativo que permite alterar gravações de áudio para incluir frases e palavras não ditas pelo locutor. A ideia, no entanto, despertou preocupações éticas e de segurança, já que permite manipular discursos de maneira que o ouvinte nunca perceba.
A empresa afirma que está tomando medidas para minimizar os riscos. Em uma demonstração na última quinta-feira, 3, a edição foi feita em questão de segundos e precisou apenas de uma transcrição em texto e de um botão. “Nós já revolucionamos a edição de fotos. Agora é hora de fazer o mesmo na edição de áudio”, explicou Zeyu Jin, funcionário da Adobe.
Ele conta que são necessários 20 minutos de amostras de áudio para que o programa consiga “imitar” perfeitamente a voz.
Críticas
Especialistas parecem não ter ficado tão empolgados com o software. “Parece que os programadores da Adobe foram arrastados pela emoção de criar algo tão inovador como um manipulador de voz, e ignoraram os dilemas éticos de mau uso potencial”, comentou à BBC o Dr. Eddy Borges Rey, professor de mídia e tecnologia da Universidade de Stirling.
O professor se diz horrorizado com a invenção e explica o motivo: “Isso complica a vida de advogados, jornalistas e outros profissionais que utilizam meios digitais como prova.”
Em meio às críticas, a Adobe afirmou que está procurando maneiras para detectar o uso de seu software. “Estamos pensando em algo como uma marca d’água de detecção”, explicou Jin. O programa ainda não tem data de lançamento.