A Netflix está levando cada vez mais a sério a possibilidade de oferecer seu conteúdo para download por seus usuários. O diretor de conteúdo da empresa, Ted Sarandos, deu uma entrevista à CNBC na qual falou abertamente que a companhia, que um dia rejeitou totalmente a ideia de oferecer a opção de download, está repensando o caso.
A justificativa se deve à grande expansão recente da Netflix, que chegou a 200 países e abandonou a “bolha” dos países mais ricos, onde a internet móvel é rápida e confiável. Agora a companhia está presente em lugares onde fazer o download prévio de um vídeo antes de sair de casa é a única forma de assisti-lo dentro de um ônibus ou no metrô, como é o caso do Brasil.
“Agora que estamos em mais territórios, eles têm diferentes níveis de velocidades de banda larga e acesso Wi-Fi. Então, nestes países, eles se adaptaram seus comportamentos para a cultura do download. Nestes territórios emergentes, se torna mais interessante [oferecer a opção de download]. Ainda achamos que no mundo desenvolvido nossa tese se mantém verdadeira, mas acho que conforme chegamos a mais e mais países subdesenvolvidos e em desenvolvimento, precisamos encontrar alternativas para as pessoas usarem a Netflix mais facilmente”, afirmou Sarandos.
A empresa já havia mudado sua posição em relação à possibilidade de baixar seu conteúdo há algum tempo, mas ainda não colocou esta mudança de pensamento em prática. A declaração do executivo dá a entender que a funcionalidade pode funcionar apenas em países mais pobres e com internet ruim.
Os rumores indicam, inclusive, que esta possibilidade está perto de ser implantada. A empresa manifestou o interesse em implantá-la ainda em 2016, e os rumores mais recentes reforçam esta possibilidade. A questão que fica é se a empresa oferecerá o catálogo completo para download de seus usuários ou apenas algumas opções, já que isso pode depender de novos acordos com as produtoras e distribuidoras de filmes e séries. Assim, é possível que a Netflix só tenha a autorização para oferecer o seu material exclusivo, sobre o qual tem todos os direitos criativos e econômicos.
Isso dito, não existe razão para que uma empresa aceite um contrato de streaming mas rejeite a opção de download de um seriado ou um filme. A possível justificativa é o temor da pirataria, que permitiria ao usuário extrair o filme baixado no celular para distribui-lo ilegalmente na web. Para isso, temos como exemplo o Spotify, que guarda o conteúdo baixado com criptografia, de modo que ele só pode ser aberto dentro do app. E, se o usuário passar muito tempo desconectado, o material acaba excluído do aparelho. Não há motivo para a Netflix não oferecer um modelo similar que é prático de usar e seguro do ponto de vista de direitos autorais.