Nesta semana, duas das mais antigas rivais da indústria da tecnologia lançaram novos produtos para o mercado de PCs. A Microsoft apresentou dois novos computadores para a linha Surface, incluindo um upgrade do seu laptop Surface Book, enquanto a Apple mostrou sua nova geração do MacBook Pro.

Ambas as máquinas são voltadas para os usuários procurando o máximo de desempenho em um computador portátil, ocupando altas faixas de preço e muito semelhantes em diversos aspectos. Confira abaixo como cada um se sai diante do concorrente em suas principais especificações.

Design

Dispositivos eletrônicos como laptops ficam mais finos e leves a cada ano, servindo principalmente como chamariz para a campanha de marketing das respectivas fabricantes. Com os novos MacBook Pro e Surface Book não é diferente, embora as dimensões de cada um não sejam tão compatíveis.

O laptop da Microsoft tem uma tela de 13 polegadas e, fechado, possui 22 milímetros de espessura. Já o MacBook Pro 2016 vem em diversos tamanhos diferentes, mas, para este comparativo, vamos usar como referência o modelo com as mesmas 13 polegadas do rival, incluindo a TouchBar.

Nessa versão, o MacBook tem 14,9 milímetros de espessura. Em termos de peso, o Surface também é mais pesado que o laptop da Apple, com cerca de 1,6 quilo, enquanto o MacBook pesa cerca de 1,37 quilo.

Há um motivo para o Surface Book ser maior e mais pesado que o rival, mas falaremos disso mais adiante. Por enquanto, em termos de design, sem levar em conta qualquer condição, o vencedor é o MacBook.

Tela

A vantagem da Microsoft nesse quesito já é mais nítida. A tela do Surface Book usa uma tecnologia de realce de cores e resolução chamada PixelSense, que garante uma densidade de 267 pixels por polegada. Já o MacBook Pro tem uma tela de 227 pixels por polegada.

Além disso, a tela do Surface Book é destacável, podendo ser usada como um tablet. A base também permite que o usuário gire o monitor para trás ou o flexione ao contrário para usar como um caderno. Há, portanto, suporte a comandos por toque e também à caneta Surface Pen para desenho e escrita, entre outras aplicações.

Há detalhes que podem fazer a tela do MacBook Pro ser visualmente melhor, como a retroiluminação em LED com tecnologia IPS, ampla tonalidade de cores e 500 nits de brilho, mas esse aspecto só pode ser avaliado se tivermos os dois computadores em mãos. Por outro lado, a tela do MacBook não tem touchscreen, suporte a uma caneta stylus e nem é destacável.

Esses atrativos adicionais também fazem o PC da Microsoft ser um pouco mais pesado e espesso que o concorrente, o que torna a derrota no quesito anterior justificável. Mas, por conta de toda a sua versatilidade, a melhor tela é mesmo a do Surface Book.

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Hardware

É sempre muito difícil comparar o hardware de computadores que usam sistemas operacionais tão diferentes. Uma comparação de cada componente pode causar a injusta impressão de que um é mais rápido ou potente que o outro, sendo que nem sempre detalhes como mais memória RAM fazem toda a diferença.

Mas vamos, portanto, comparar as especificações em números. No momento da compra, tanto a Microsoft quanto a Apple permitem que o usuário escolha uma entre as diferentes opções de processador disponíveis. Tudo isso impacta no preço dos PCs, no fim das contas, mas para manter esse comparativo o mais justo possível, vamos usar as configurações mais caras de ambos.

No caso do MacBook Pro, o modelo de mais alto desempenho (com tela de 13 polegadas) usa um processador Intel Core i7 dual core de 3,3 GHz (Turbo Boost de até 3,6 GHz). Já o Surface Book, em seu modelo mais caro, também usa um Intel Core i7 de sexta geração, embora a fabricante não tenha revelado números exatos de frequência do clock ou de núcleos.

Se você quiser usar um desses PCs para jogar, porém, é preciso dar uma olhada na placa de vídeo. O MacBook Pro vem com um Intel Iris Graphics 550 com 64MB de memória eDRAM no modelo de 13 polegadas, enquanto o Surface Book usa uma Nvidia GeForce GTX 965M de 2GB de memória GDDR5. Ambos são capazes de rodar games modernos, mas a placa usada pela Microsoft é sem dúvida mais potente.

Em termos de memória, os dois notebooks vêm com até 16GB de memória RAM e até 1TB de armazenamento em SSD. O desempate fica por conta da bateria: a Apple diz que seu MacBook Pro dura até 10 horas longe da tomada, enquanto o Surface Book, segundo a Microsoft, promete 16 horas de autonomia.

Se considerarmos apenas o números absolutos, temos um vencedor em mais uma categoria. O laptop da Microsoft tem uma placa gráfica muito superior e uma bateria também mais duradoura (em tese), mesmo usando o mesmo processador de alto desempenho da Intel. Nesses termos, portanto, a vitória é novamente do Surface Book.

Software

Um hardware teoricamente melhor, porém, não significa que uma máquina é mais rápida que a outra. O Surface Book até pode ganhar (por muito pouco) do MacBook Pro em números absolutos, mas a comparação entre Windows e macOS, os sistemas operacionais de cada PC, está longe de ser resolvida em termos simples.

Essa avaliação depende muito de uma análise direta de como cada um desses computadores roda seu sistema e também do gosto particular do usuário. Há quem não troque um Windows por nada nesse mundo, por não conseguir se acostumar a outra interface que não a da Microsoft. O mesmo vale para quem usa produtos da Apple, por outro lado.

Fato é que a versão mais nova do Windows ainda enfrenta certa instabilidade. São inúmeros os relatos de usuários do Windows 10 que sofreram nos primeiros meses após o update do sistema, e muitos são os que ainda não se acostumaram às mudanças na navegação e no gerenciamento de alguns atributos.

Já do outro lado do muro, é muito difícil encontra algum usuário de Mac ou MacBook incomodado com seu sistema operacional. Por ser um sistema fechado e administrado totalmente pela Apple, sem o dedo de fabricantes licenciadas atrapalhando o código do software, é natural que o macOS seja mais estável e confiável do que o Windows em diversos quesitos.

Sem colocarmos as mãos no Surface Book, porém, é impossível saber se a Microsoft fez do Windows 10 em seu próprio laptop uma experiência melhor do que a de outras fabricantes. Mas assim como avaliamos o hardware por seus números absolutos, é justo compararmos o software por seus desempenhos inviduais. Nesse caso, a vitória é do macOS no MacBook Pro.

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Recursos exclusivos

Nem todas as especificações dos laptops podem ser comparadas, porém. Há recursos no MacBook que são exclusivos da Apple, do mesmo modo que o Surface Book possui atrativos que apenas a Microsoft usa em seu laptop. No fim das contas, o que vale é a quantidade e a utilidade de cada um desses extras.

No caso do novo MacBook Pro, a exclusividade é a nova TouchBar. Trata-se de um pequeno painel digital colocado acima do teclado e que substitui as tradicionais teclas de função que já conhecemos há anos (F1, F2, F3, etc.). Parece pouca coisa, mas essa TouchBar promete impactar de verdade a experiência do usuário.

A barra exibe botões digitais que mudam de acordo com o aplicativo que está sendo utilizado. Num programa de edição de textos, por exemplo, os botões digitais da TouchBar exibem opções de formatação, como negrito e itálico. Já em apps de design, como o CorelDraw ou o Photoshop, por exemplo, são inseridas ferramentas de edição e paletas de cores.

O Surface Book não tem uma TouchBar, mas possui uma tela touchscreen que não existe nos PCs da Apple. Além disso, como já comentamos anteriormente, o laptop da Microsoft pode ser convertido em um tablet de alto desempenho, com direito a uma caneta Surface Pen.

Ambos os aparelhos possuem sistemas de segurança por biometria. No caso do MacBook, a nova geração permite que o usuário desbloqueie o sistema com sua impressão digital, o já conhecido sistema TouchID do iPhone. Já o Surface, por sua vez, vem com o Windows Hello, método de login que usa como senha uma imagem do rosto do usuário. Do mesmo modo, cada um tem sua própria assistente virtual acionada por comandos de voz: a Siri no macOS e a Cortana no Windows 10.

Falando em câmeras, o MacBook tem apenas uma, frontal, uma FaceTime HD que grava vídeos em 720p de resolução. Já o Surface Book possui uma câmera frontal capaz de gravar vídeos em até 1080p, além de uma traseira (para ser usada no modo tablet) de 8MP. Em termos de conectividade, há também muitas diferenças.

O MacBook Pro vem com quatro portas Thunderbolt 3 (padrão USB-C) compatíveis com cabos de energia, VGA, HDMI e transferência simples de arquivos por USB, além da entrada para fones de ouvido. Alguns adaptadores podem ser necessários, porém, dependendo dos cabos que você planeja inserir no aparelho.

Por sua vez, o Surface Book tem duas portas USB 3.0, uma entrada para cartão SD (que não existe no rival) e duas portas Surface Connect, que servem tanto para o usuário que quiser carregar a tela como um tablet independente quanto para carregar o laptop todo de uma vez. Tudo isso, é claro, além das tradicionais portas de vídeo e para fones de ouvido.

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Para completar, o Surface Book é compatível com um novo dispositivo de navegação da Microsoft chamado Surface Dial. Trata-se de uma espécie de disco a ser usado em aplicativos de design para funcionar tanto como scroll quanto como um paleta de cores, e que pode ser usado em conjunto com a Surface Pen.

No fim das contas, fica nítido que o Surface Book tem muito mais recursos do que o MacBook Pro. A TouchBar do laptop da Apple é realmente inovadora, mas não tanto quanto a solução híbrida da Microsoft que oferece, ao mesmo tempo, um tablet e um notebook de alto desempenho. Sendo assim, nesse quesito, mais uma vez, o vencedor é o Surface Book.

Conclusão

Antes de decretarmos um vencedor para a disputa, há um último detalhe a ser levado em conta: o preço. Nos Estados Unidos, mercado doméstico da Apple e da Microsoft, o MacBook Pro de 13 polegadas com as melhores especificações possíveis sai por US$ 2.899. Já o Surface Book mais potente custa US$ 3.299.

No Brasil, porém, o Surface Book não é vendido oficialmente. O MacBook Pro, por sua vez, sairá custando mais do que R$ 15.300 com especificações similares às do concorrente mais potente. Comparando apenas o preço original, portanto, o Surface sai consideravelmente mais caro que o MacBook.

Novamente, é preciso destacar que a experiência de uso entre esses dois produtos pode variar muito de um usuário para outro. Portanto, mesmo que um desses laptops seja teoricamente melhor do que o outro, a experiência que cada usuário vai ter pode contradizer o resultado desse comparativo, o que é absolutamente normal.

Afinal, como já dissemos, nem sempre esses números absolutos divulgados pelas fabricantes se refletem em uma usabilidade mais eficiente na prática. Considerando apenas números e descrições oficiais, porém, fica claro que o MacBook Pro, apesar de ter um sistema operacional melhor, perde para o rival Surface Book.

O laptop da Microsoft é, além de potente, muito versátil e inovador em diversos sentidos. O MacBook Pro, por sua vez, é um excelente PC de altíssimo desempenho, mas sem a versatilidade do rival, o que limita suas capacidades e possíveis utilidades no dia a dia. A Microsoft ainda precisa melhorar muito o Windows 10 (e está no caminho certo), mas é preciso admitir que o Surface Book é um laptop muito mais completo do que o rival.