Primeiro transplante de cabeça desafia a medicina; entenda como ele será feito

Redação26/09/2016 15h21, atualizada em 26/09/2016 15h35

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O primeiro pensamento que vem à mente quando alguém fala em transplante de cabeça são cirurgias mirabolantes de filmes à lá Frankenstein. Separar uma cabeça do tronco sempre soou uma ideia absurda. Até agora.

O inédito transplante de cabeça pode ser realizado já em 2017. Pelo menos é isso que deseja o cirurgião italiano Sergio Canavero que já diz até ter voluntários para o procedimento. Um deles é o russo Valery Spiridonov, de 31 anos, que está em estado terminal por sofrer da Doença de Werdnig-Hoffman e concordou em se tornar o primeiro paciente.

Reprodução

A ideia de Canavero é possibilitar que pessoas que tenham corpos debilitados e que sofrem de doenças degenerativas possam ter vidas mais saudáveis em outros corpos. Se der certo, a técnica poderia beneficiar até mesmo o físico Stephen Hawking. O cientista sofre de esclerose lateral amiotrófica, uma rara doença que paralisa os músculos do corpo, mas que não afeta as funções cerebrais.

Como?

Como já é possível imaginar, não é nada simples. A prática exigiria a presença de 150 médicos e enfermeiros trabalhando simultaneamente durante 36 horas. O custo seria outro obstáculo a ser superado: R$ 42 milhões.

Na parte técnica, o primeiro passo seria congelar o corpo do paciente. Dessa forma, os médicos conseguiriam preservar as células do cérebro. O cérebro, aliás, teria o seu sangue drenado e substituído por uma solução cirúrgica.

Os cirurgiões, então, realizariam uma das partes mais complicadas do procedimento: a separação da cabeça do corpo inutilizável. As artérias e veias seriam envoltas com tubos feitos de silicone de plástico e que iriam ser comprimidos para impedir o fluxo de sangue e depois relaxados para facilitar a circulação uma vez que a cabeça estivesse posicionada no novo corpo.

A parte mais difícil, contudo, vem a seguir. O corte da medula espinhal exigiria força e extrema precisão. Para se ter noção, o procedimento é realizado com um bisturi feito de diamantes. Qualquer erro nessa parte poderia prejudicar o novo corpo e colocar tudo a perder.

Para reconectar, os médicos utilizariam uma espécie de cola médica especial chamada de polietilenoglicol. Essa cola já foi utilizada para restaurar a espinha de um cachorro e o procedimento deu tão certo que o animal corre normalmente.

Recuperação

Depois da cirurgia, os médicos vão monitorar a medula espinhal e a recuperação do paciente durante 12 horas para observar sua condição neurofisiológica. Se nada der errado, os médicos acreditam que o cérebro não estará rejeitando o transplante (como pode acontecer com qualquer órgão).

Depois disso, o desafio seria repassado ao paciente e aos fisioterapeutas especializados na recuperação. A reabilitação não seria nada simples, uma vez que o paciente precisaria reaprender a utilizar todo o corpo do pescoço para baixo.

Via UOL

Colaboração para o Olhar Digital

Redação é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital