A chamada “festa da democracia” está se aproximando, neste ano trazendo a possibilidade de escolha para os cargos de prefeito e vereador. Como os candidatos do segundo time têm menos exposição midiática e uma campanha mais corpo a corpo com os cidadãos que os elegem, muitos fazem uso de apelidos para que as pessoas se lembrem deles quando estiverem encarando a urna. E é neste momento que a tecnologia ganha sua vez.
Quatro anos atrás, o Olhar Digital realizou um levantamento para identificar candidatos que associavam suas imagens a temas ligados ao nosso tipo de cobertura. Encontramos nomes como “Mário Bross”, “Sonic” e até um sujeito apelidado de “Gordo do Video Game”. Em 2016 a coisa não está muito diferente.
Mais uma vez um dos destaques fica por conta das lan houses. Mesmo apontado como um negócio em decadência, o termo lan house ainda é usado como apelido por mais de 40 candidatos — incluindo o “Edmilson da Lã House”, que disputa pelo PV em Inaciolândia (GO), e o “Baixinho da Lan Hause”, de Ubatã (BA), que pertence ao quadro do DEM.
Outros 77 candidatos escolheram fazer associações com a palavra “celular”, mais uma tendência que repete o que aconteceu em 2012. Neste caso, aliás, com alcunhas ainda mais peculiares. Há exemplos como “Lucinho Garotinho do Celular”, do PTN em São Miguel do Gostoso (RN); o “Gordo do Celular”, do PRB de Pindobaçu (BA); e o “Tchuca do Celular”, do PSD de Itapetinga (BA).
E essas não são as únicas opções para quem escolhe ter a tecnologia como aliada nas eleições. Prova disso é que há candidatos como o “Carlinhos do Video Game”, do PSL de Porto Grande (AP); o “Zezinho Cafelândia Digital”, do PMDB em Cafelândia (PR); o “Jocel Eletrônico”, do PTN de Granjeiro (CE); e o “Luciano da Loja do Computador”, do PSD de Divinópolis (MG).
O PSL de Embu das Artes (SP) tem um candidato chamado “James Google Massagista”, enquanto o PSDB de Mineiros (GO) conta com a “Maria de Fátima do Facebook”. Até o Twitter entrou na dança graças ao “Ze Twitter”, do PPS de Maracaçumé (MA).
Não há nada na legislação eleitoral que proíba esse tipo de artifício. A estratégia costuma ser até estimulada em disputas mais regionalizadas, como as que miram cadeiras de vereador. Quando as eleições de 2012 se aproximavam, perguntei ao estrategista de marketing digital e político Gabriel Rossi o que ele achava de termos um candidato que se chamava de “Mário Bross” e ele respondeu que, “se a comunidade do candidato o conhece como ‘Mário Bross’, é melhor que ele use esse nome na urna”.
“Depende muito do eleitor que você quer atingir, depende do que você defende”, comentou Rossi. “Para vereador há duas opções: um candidato de segmento (como tecnologia), ou um que usa algo regional.” A má notícia para o pessoal citado neste texto é que o apelo emocional costuma funcionar melhor que o racional, portanto, seria melhor sair concorrendo como “João que vai construir uma creche” do que como “João do Facebook”.