É cada vez mais difícil encontrar bons smartphones no mercado por um preço abaixo de R$ 1 mil. A tecnologia evoluiu, os hábitos dos consumidores mudaram e as fabricantes ainda alegam que a crise econômica e a alta do dólar empurraram os preços para o alto.
Isso não impediu que a Lenovo trouxesse ao Brasil o terceiro aparelho de sua linha de smartphones de mais baixo custo. O Vibe C2 chegou às lojas em julho com especificações modestas e um preço competitivo: R$ 699. Mas será que esse valor é justo? Confira nossa análise.
Design e tela
Vamos começar com a primeira coisa que se nota em um smartphone: seu visual. O Vibe C2 é compacto, graças à tela de 5 polegadas, que nos remete aos intermediários de alguns anos atrás. A traseira e as bordas são feitas num material metálico que também passam uma sensação de segurança, além de oferecer uma boa “pegada”.
Por outro lado, ele é um pouco mais pesado do que se esperaria de um smartphone tão pequeno, e os botões de áudio e de ligar/desligar são bem rasos, não dando muito firmeza quando são pressionados. Numa análise geral, porém, não há muito o que se destaque no visual do Vibe C2. O design é básico, de olho em usuários básicos.
A tela também cumpre o que promete, se mostrando uma saudável evolução da tela do Moto E 2015 (seu “antecessor espiritual”). Fácil de navegar com uma mão, o display de 5 polegadas tem resolução HD (1.280 x 720 pixels) e tecnologia IPS. As cores são reproduzidas com fidelidade, embora a saturação seja exagerada em algumas imagens mais claras.
Performance e bateria
O Vibe C2 vem com Android 6.0 Marshmallow com apenas algumas discretas modificações, além de vir praticamente livre de aplicativos pré-instalados, o que deixa mais espaço disponível na memória interna de 16GB. Apesar disso, a combinação de 1GB de RAM e processador quad-core de 1GHz tornam o desempenho do smartphone bem abaixo das expectativas.
Nos nossos testes, reparamos que o Vibe C2 sofre com alguns “engasgos” em tarefas simples, como trocar rapidamente de um app para outro ou mesmo navegar pela gaveta de aplicativos. Apps um pouco mais pesados, como o Snapchat e Pokémon Go, por exemplo, são certeiros para fazer o celular travar por alguns segundos.
Mas é claro que um smartphone dessa faixa de preço e especificações não é voltado para os chamados “heavy-users”. O que se espera do Vibe C2 é que ele possa navegar tranquilamente por redes sociais e aplicativos de mensagem, o que o aparelho de fato faz relativamente bem. Mas não espere uma experiência totalmente livre de travamentos.
O que compensa a performance fraca é a duração da bateria. Em modo ocioso, o smartphone consome muito pouco da bateria removível de 2.750 mAh. É possível deixar o celular com o Wi-Fi ligado durante uma noite inteira e perder pouco mais de 5% da energia. O carregador de 10 W também é capaz de restaurar a carga de 0% até 100% em cerca de duas horas.
Câmera
Não espere nada de impressionante das câmeras do Vibe C2. A traseira vem com 8MP e alguns recursos úteis de software, como foco automático, vídeos em HD, filtro HDR, modo panorâmico e filtros de cor personalizados. Mas, por padrão, o sensor não se comporta muito bem em ambientes mais claros.
As cores captadas pela câmera principal sempre saem mais frias do que realmente são. Ao ar livre, e com o HDR desligado, a iluminação natural deixa as sombras mais escuras. Contrastes em ambientes escuros também não saem muito nítidos, então este não é o smartphone ideal para levar a um show que você queira fotografar. Em locais com iluminação artificial, porém, o resultado não é tão ruim.
Já a câmera frontal tem 5MP e selfie automático com detecção de gestos: basta formar a letra V com os dedos diante da câmera que o app dispara sozinho. O recurso é útil, mas nem sempre deixa claro ao usuário quando a imagem já está pronta. Além disso, um filtro “embelezador” integrado reduz espinhas e outras marcas no rosto, mas deixa a pele com um aspecto artificial e sem foco, como se você fosse fruto de computação gráfica ou uma escultura de borracha.
O sensor não tem flash frontal e os mesmos problemas da câmera traseira podem ser notados na secundária. Novamente, como estamos falando de um smartphone voltado para consumidores mais básicos, esses problemas não chegam a ser uma supresa e não atrapalham o uso cotidiano. Mas essa certamente não é a melhor câmera que você pode encontrar num smartphone por essa faixa de preço.
Conclusão
O Vibe C2 é uma opção interessante para uma categoria de smartphones que tem poucos modelos no mercado. Contudo, apesar do preço baixo, há alguns pontos negativos que poderiam ter sido melhor trabalhados pela Lenovo – mesmo que isso significasse um leve aumento no preço.
Por R$ 700, a performance poderia ser um pouco melhor. O Neffos C5, da TP-Link, por exemplo, é vendido no Brasil pelo mesmo preço e tem 2GB de memória RAM. Já a Samsung tem o Galaxy J3, um aparelho com processador um pouco mais potente e que pode ser encontrado em algumas lojas por um preço semelhante.
Isso sem falar no Müv, da Quantum, que apesar de ser um pouco mais caro, tem um conjunto de câmeras melhor (assim como várias versões do Lumia, da Microsoft); o Redmi 2 Pro, da Xiaomi, que também pode ser comprado por R$ 100 ou R$ 200 a mais, mas tem uma performance superior; e o Zenfone Go, que tem mais RAM e processador mais rápido, mas câmera inferior, também por menos de R$ 700.
Levando em conta a concorrência, o preço do Vibe C2 parece justificar apenas a tela de qualidade, a bateria de razoável duração e uma câmera que não chega a comprometer. É possível encontrar smartphones com performance melhor pagando um pouco mais. Mas se o seu orçamento está realmente limitado, o Vibe C2 é uma opção razoável que não deve te deixar na mão em um curto prazo.