Testamos: Moto G4 Plus é um ótimo intermediário com preço de Moto X

Renato Santino22/06/2016 16h29

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O Moto G não é mais o mesmo. Aquele aparelho simpático, que mexeu totalmente no mercado brasileiro em 2013, seguiu um caminho de evolução técnica que também resultou em um aumento de preço, que lhe custou a posição de smartphone mais procurado do Brasil.

Nenhum aparelho da linha retrata esse novo momento como o Moto G4 Plus. O smartphone recém-lançado pela dupla Lenovo/Motorola traz alguns avanços técnicos significativos; a contrapartida é que ele não é mais um Moto G. Em anos passados, o aparelho na faixa de preço de R$ 1,5 mil recebeu a alcunha de Moto X. Nas duas primeiras gerações, o Moto X saiu por esse preço, e na terceira foi a vez do Moto X Play.

Neste sentido, o Moto G4 Plus parece muito uma evolução natural do X Play (talvez tentando pegar carona em uma marca um pouco mais popular?), contando com poder de processamento similar, bateria similar, preço similar, ao mesmo tempo em que trouxe um design mais slim. Assim, apesar do aparelho se chamar Moto G, vamos compará-lo de agora em diante ao Moto X Play.

Design

Reprodução

Vamos começar falando de design. Enquanto o X Play era um aparelho razoavelmente rústico esteticamente, sem grande chamariz visual, o G4 Plus deu uma refinada na estética. O aparelho ficou mais fininho, mais leve, e mais gostoso de segurar. A capinha traseira removível também permite um toque a mais de personalização, e o material levemente áspero lembra mais um tecido do que plástico, o que me agradou profundamente no aparelho.

No entanto, não é possível deixar passar a má escolha de design feita ao colocar o sensor de impressão digital na parte frontal do aparelho, abaixo da tela. O leitor funciona muito bem, é rápido e preciso, mas o lugar certo para ele era no lugar do logo da Motorola na parte de trás do celular. Na parte da frente, ele simplesmente parece fora do lugar, já que não serve para nenhuma outra função, ao contrário do que acontece, por exemplo, com o botão Home no Galaxy S7 ou no iPhone 6s.

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Fora isso, é um aparelho confortável de usar, embora seja grande (tela de 5,5 polegadas). É recomendável recorrer à técnica de uso com duas mãos, especialmente ao tentar alcançar os cantos superiores do display.

Vale também a observação: os alto-falantes do celular ficam localizados na parte frontal do aparelho, o que é recomendável para jogos e para quem costuma escutar música sem fones de ouvido.

Tela

Como dito, a tela do Moto G4 Plus é grande, assim como era a do Moto X Play, com 5,5 polegadas. O painel grande de LCD é bem aproveitado com alta resolução de 1920×1080, o que é um avanço em relação à linha Moto G (tradicionalmente fincada no 1280×720), mas como estamos comparando com o X Play, praticamente nada muda.

A tela impressiona em relação a contraste e níveis de brilho e saturação, permitindo visualização confortável mesmo em ambientes escuros, sem machucar os olhos, mas também com alto brilho sob sol forte, sem interferir na leitura.

Câmera

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Desde o ano passado, a Motorola começou a se organizar para colocar câmeras melhores em seus celulares, depois que o Moto X2 teve, indiscutivelmente, a pior câmera entre todos os tops de linha de 2014. O resultado já se viu no Moto X Play e no Moto X Style, ambos com sensores mais satisfatórios.

Novamente: o Moto G4 Plus é o Moto X Play com outra roupagem, então é de se esperar uma câmera melhorada. De fato, é o que eu pude verificar com o aparelho em mãos, embora ainda haja bastante espaço para melhorias. O modelo conta com uma câmera traseira de 16 megapixels com abertura f/2.0, o que está de bom tamanho para sua faixa de preço.

O que eu pude perceber de bom, foi a capacidade do sensor traseiro em registrar boas imagens, com alguns recursos mais avançados de captura, como ajuste de tempo de exposição, balanço de branco, ISO e ajuste de foco. As opções não são tão impressionantes como o que eu vi no Galaxy S7, por exemplo, mas estamos falando de um aparelho que custa praticamente um terço do valor, então está valendo.

O que eu não curti muito foi o modo automático da câmera, que muitas vezes se mostrou lento na hora de registrar uma imagem, especialmente quando a iluminação não está muito boa, o que favorece uma fotografia tremida. Apesar disso, o foco a laser é bem rápido e se ajusta ao objeto que você quer capturar em menos de um segundo.

A câmera frontal de 5 MP não é particularmente impressionante (novamente, como também não era a do Moto X Play). As selfies só saem bem em ambientes realmente iluminados. O “flash” em que a tela fica branca para iluminar o rosto dos fotografados é um paliativo que ajuda a melhorar as imagens no escuro, mas não resolve totalmente.

Abaixo estão alguns exemplares de imagens feitas com a câmera do Moto G4 Plus. Você pode clicar sobre elas para vê-las em tamanho real:

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Bateria

O grande destaque deste celular é a duração de sua bateria de 3.000 mAh. Eu tenho usado o smartphone como meu aparelho número 1 nos últimos dias e não posso reclamar de nada neste sentido. O celular supera com grande folga a marca das 24 horas de uso sem precisar de uma nova recarga, o que me deixou bastante satisfeito.

Exemplo: coloquei o Moto G4 Plus para carregar durante a noite e fui dormir. Ao acordar às 10h, ele estava carregado com 100% de bateria. No dia seguinte, é possível acordar no mesmo horário com o aparelho com cerca de 30% de bateria, ir para o trabalho usando o aparelho (com 4G e Bluetooth ligado) e só precisar recarregá-lo ao chegar na redação do Olhar Digital, quando ele chegou na faixa perigosa dos 10 a 20%.

Em outro dia, eu passei cerca de 36 horas antes de recarrega-lo novamente (das 11h de um dia até mais ou menos 23h do dia seguinte). Neste caso, o aparelho se aproveitou de um dia um pouco mais lento, em que fiquei trabalhando de casa. Como não usei tanto o celular, no segundo dia, ele aguentou muito mais do que o normal.

Também favorece o fato de que o Moto G4 Plus conta com tecnologia de recarga rápida, que leva do 0 ao 100% de bateria em menos de 2 horas para quem está com pressa.

Desempenho

O aparelho é suportado por 2 GB de memória RAM e um processador Snapdragon 617, que o aproxima bastante do que era o X Play. Isso o credencia como um celular que é capaz de realizar com maestria qualquer tarefa mais básica a que você se proponha no smartphone, e rodar jogos com qualidade gráfica média.

Isso dito, o desempenho médio só deve ser sentido por quem for um verdadeiro “heavy-user”, que tenha o hábito de jogar games realmente pesados no celular. Outras formas de uso mais light não devem ser impactadas.

O aparelho está no mesmo nível de outros celulares de sua faixa de preço, o que fica claro ao comparar com aparelhos como o Zenfone 2. Ambos apresentam resultados na faixa dos 45 mil pontos no AnTuTu, por exemplo.

Software

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Como sempre, a Motorola (e agora Lenovo) brilha em software por não querer inventar muito. O sistema é o Android 6.0.1 (Marshmallow) quase tão puro quanto o que vemos em dispositivos Nexus, o que colabora para um desempenho melhorado.

As intervenções da empresa no software são pequenas, mas úteis, como por exemplo o recurso Moto Tela, que facilita a verificação de notificações. É uma ferramenta antiga dos Moto X que foi transportada para os Moto G. Uma pena, porém, que a tela de AMOLED não pode ser inclusa neste modelo, porque ajudaria bastante na economia de bateria ao usar este recurso.

Fora isso, a empresa também manteve outros recursos clássicos da linha, como a câmera instantânea ao girar o pulso duas vezes com o celular em mãos, ativar a lanterna com duas chacoalhadas, desligar o toque do celular apenas pegando o aparelho e virar o celular para baixo para ligar o modo “não perturbe”. São aplicações eficientes que somam em vez de poluírem o aparelho.

Conclusão

O Moto G4 Plus é um ótimo smartphone na faixa intermediária superior de preço, embora a linha Moto G tenha nascido para disputar em uma categoria mais modesta. O mais correto seria colocá-lo dentro da (aparentemente) finada linha Moto X.

Nomenclatura à parte, o aparelho surpreende em vários aspectos, com uma ótima duração de bateria, sensor de impressão digital preciso e rápido (mesmo estando no lugar errado do aparelho), tela de alta definição e bom desempenho. Sua câmera poderia ter um clique um pouco mais rápido, mas ainda assim é capaz de fazer boas imagens.

Pelo seu preço, não existem muitos concorrentes melhores. O Zenfone 2, por exemplo, pode ter maior capacidade de processamento, mas fica para trás em vários outros aspectos.

Renato Santino é editor(a) no Olhar Digital