A Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos lançou hoje um relatório alertando para os possíveis perigos das atuais tecnologias de modificação e edição genética. De acordo com os cientistas, organismos modificados com essas técnicas “ainda não estão prontos para serem soltos no meio-ambiente”.
No documento, a Academia reconhece que essas técnicas já podem ser usadas para fins benéficos. Dentre as aplicações citadas estão usos agrícolas (para modificar geneticamente pestes que prejudicam as colheitas) e até mesmo o combate a doenças como dengue, malária e zika (por meio da introdução de mosquitos geneticamente alterados).
Riscos da tecnologia
Entretanto, os cientistas alertam que a liberação sem estudo adequado de alguns desses organismos no meio ambiente pode gerar “efeitos não pretendidos”. Eles incluiriam “a disrupção não-intencional de uma segunda espécie ou o estabelecimento de uma segunda espécie invasiva mais resiliente”.
Isso significa que esses organismos poderiam provocar, acidentalmente, a extinção de outras espécies além daquelas que os biólogos pretendam alterar. Outra possível consequência seria a substituição de uma peste por outra variante dela, ainda mais resistente aos pesticidas já conhecidos.
Avanço descontrolado
Os cientistas demonstram preocupação com a velocidade em que tecnologias desse tipo estão se desenvolvendo. Além disso, consideram que, antes de que ela venha a ser utilizada, “muito mais pesquisa é necessária para entender as consequências científicas, éticas, regulatórias e sociais de se disseminar tais organismos.
Não é à toa que os cientistas se preocupam com o rápido avanço dessas técnicas. Na semana passada, um grupo de 25 cientistas anunciou a criação de um projeto para criar um genoma humano sintético. O anúncio foi feito após uma reunião dos cientistas que recebeu críticas da comunidade acadêmica por ter sido realizada a portas fechadas.