O celular modular do Google perdeu o seu maior diferencial

Renato Santino23/05/2016 17h00

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O smartphone modular do Google, ainda conhecido pelo codinome Project Ara, finalmente está virando realidade. Inspirado no conceito dos Phonebloks, criado pelo designer holandês Dave Hakkens, que se envolveu posteriormente no trabalho do Google, a ideia era que o modelo fosse eternamente atualizável apenas trocando alguns bloquinhos, permitindo trocar a quantidade de armazenamento, o volume de memória, o processador, ou a câmera sem trocar de celular, reduzindo a quantidade de lixo eletrônico que produzimos.

Pois bem: o Ara não tem mais nada disso.

Durante o Google I/O, a empresa anunciou que a versão comercial do projeto chega ao mercado em 2017, mas todos os componentes-base já estarão fixos no aparelho. Ou seja: memória RAM, processador, GPU, antena, tela e bateria já estão embutidas no corpo, tornando o modelo muito menos flexível do que o projeto inicial.

A justificativa era de que o consumidor padrão não tem interesse em alterar este tipo de componente, o que faz algum sentido, já que a maior parte do público sequer saberia descrever qual é o hardware do seu celular para poder pensar em uma atualização. Além disso, ao fixar componentes internos no corpo do celular, o Google diz que a medida também libera mais espaço para hardware dentro de cada bloco.

Assim, a modularidade do Ara se restringiria a coisas como uma câmera melhor, alto-falantes mais potentes, e outros acessórios, como um bloquinho que chama um Uber automaticamente para onde você está ou um leitor de impressão digital.

Apesar de a proposta ainda ser interessante, o seu apelo diminuiu demais, transformando o corpo do Ara em mais um smartphone descartável, como tantos outros. A ideia de que o aparelho poderia se manter funcionando eternamente com a atualização de algumas peças foi para o ralo.

O grande problema, no entanto, é o fato de que o Google perdeu o bonde da inovação com o Ara. Foram tantos anos cozinhando o projeto que a empresa ficou para trás, sendo superada pelo LG G5, que oferece a mesma modularidade (agora que os componentes do Ara são fixos) e o suposto novo Moto X (que deve se chamar Moto Z), que também deve oferecer os “amps”, que são traseiras alternáveis que apresentam diferentes funções.

Em 2015, o Olhar Digital teve a oportunidade de brincar um pouco com um conceito do Ara, quando ele ainda prometia modularidade total. Veja como era na época:

Via Ars Technica

Renato Santino é editor(a) no Olhar Digital