Allo, o novo aplicativo do Google, tem chance de superar o WhatsApp?

Equipe de Criação Olhar Digital18/05/2016 22h01

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O fenômeno WhatsApp é cada vez mais incompreensível. O aplicativo, que já existe há seis anos, mudou muito pouco ao longo do tempo. Houve uma alteração estética aqui e ali, um recurso de chamada de voz, conversas em grupos maiores, mas no geral, o aplicativo sofre poucas alterações drásticas.

Na indústria de tecnologia, normalmente quem não evolui fica para trás. Se seus competidores oferecem recursos que você não oferece, normalmente a clientela começa a migrar para o serviço mais vantajoso. Curiosamente, isso não se aplica ao WhatsApp. Por várias vezes repetimos que o serviço que agora pertence ao Facebook não era a melhor opção, mas isso nunca impediu seu público de continuar crescendo.

E é por isso que é difícil imaginar um futuro positivo para o Allo, o novo aplicativo de mensagens do Google. A sua apresentação nesta quarta-feira, 18, impressionou. Cheio de recursos, cheio de novidades que dificilmente serão aproveitadas pelo grande público, que já está ocupado e satisfeito com o combo Messenger+WhatsApp.

Caso você não tenha visto, o Allo é uma iniciativa nova do Google. O app para Android e iOS usa o número telefônico para identificação, então para adicionar amigos basta ter seu número, exatamente como WhatsApp, e ao contrário de como funcionava o Hangouts, que, curiosamente, sequer foi lembrado durante a apresentação do Allo.

No entanto, a inteligência do aplicativo se destaca. O app vem equipado com o Google Assistant, o novo assistente do Google, que identifica palavras chave da conversa para oferecer sugestões. Se a conversa gira em torno de um restaurante, a inteligência artificial pode sugerir opções de restaurantes por perto e ainda reservar uma mesa, tudo sem precisar sair do aplicativo. A ideia é que desenvolvedores de aplicativos possam integrar seus recursos ao Allo para permitir várias funcionalidades como esta, como os bots do Facebook.

Outro ponto interessante é a segurança das mensagens. O app conta com um modo incógnito, similar ao do Chrome. Ou seja: é possível abrir uma janela de mensagens que se autodestruirão depois de algum tempo, e estas mensagens serão criptografadas de ponta-a-ponta, como acontece no WhatsApp, o que impede que sejam interceptadas.

Mas a questão que fica: isso realmente importa? O Telegram, por exemplo, sempre foi tecnicamente superior ao WhatsApp, permitindo o uso em PCs, criptografia, conversas em grupo com grande número de pessoas, e stickers personalizados muito antes do concorrente. Isso nunca foi o bastante para atrair o público a realizar a migração, exceto nas duas ocasiões em que o WhatsApp foi bloqueado pela Justiça no Brasil.

É possível que o Allo ganhe destaque por ser do Google, que por si só é uma marca fortíssima, mas que, como já foi comprovado com o Google+, não é à prova de falhas. No entanto, a tendência é de que o WhatsApp continue dominando o mercado, e o aplicativo do Google lute pelo terceiro lugar apenas.

Na área de plataformas sociais, não importa o quão bom você é, e sim o quão popular você é. Não importa ser melhor, porque o público quer ficar onde seus amigos estão, e isso cria um ciclo que impede a mudança para os concorrentes. Essa é uma barreira que o Google terá que superar para tentar popularizar o Allo, e a empresa não tem um bom histórico com isso. Basta, novamente, lembrar do Google+, que é superior ao Facebook em muitos aspectos, mas é uma cidade fantasma.