Se o plano da Nasa é levar astronautas para Marte em “algum tempo no futuro”, Elon Musk tem mais pressa. O CEO da SpaceX afirmou que está “altamente confiante” que sua empresa levará pessoas ao Planeta Vermelho em 2026 ou até antes, em 2024, “se tivermos sorte”, completou o empresário, em entrevista durante o Axel Springer Award.
A viagem será feita na Starship, impulsionada por um foguete Super Heavy da SpaceX. Os dois veículos serão totalmente reutilizáveis: o foguete retornará à Terra logo após a decolagem e a espaçonave será capaz de voar entre as órbitas da Terra e de Marte, afirmou Musk.
Elon Musk ainda expressou seu desejo de realizar uma viagem interplanetária e morrer em Marte. “Só não no impacto”, brincou. O último protótipo da Starship, o SN8, foi testado no fim de novembro e está se preparando para um grande voo que pretende lançar o veículo a uma altitude alvo de 15 quilômetros.
Água pode virar combustível
Viajar mais de 60 milhões de quilômetros pelo espaço e chegar em Marte não é o único desafio para a exploração (e futura colonização) do Planeta Vermelho. Os astronautas precisarão de oxigênio para respirar e de combustíveis para alimentar seus equipamentos. Mas uma pesquisa recente oferece uma solução para isso: água.
Observações por satélite e sondas já comprovaram que Marte possui grandes quantidades de gelo – e até água líquida há alguns milhões de anos. O novo estudo, publicado na Proceedings of the National Academy of Sciences sugere que os futuros colonos poderão gerar combustível e oxigênio a partir da água salgada do Planeta Vermelho.
A mesma lógica pode ser usada para ajudar submarinos a gerar oxigênio a partir da água do mar. “Marte é longe e estamos limitados na quantidade de coisas que podemos levar conosco. Então, se podemos utilizar os recursos já presentes lá, isso é mais econômico e mais viável do que ter que carregar tudo”, explica o autor da pesquisa, o engenheiro químico da Universidade de Washington em St. Louis, Vijay Ramani.
Misturas contendo água e percloratos podem permanecer líquidas mesmo em baixas temperaturas (como na superfície marciana), e por isso Ramani e seus colegas usaram uma técnica conhecida como eletrólise para dividir moléculas de água para formar hidrogênio e oxigênio. “A eletrólise é conhecida há cerca de 100 anos ou mais, mas usa principalmente água pura como combustível”, afirma Ramani.
A pesquisa revelou que o uso de certos catalisadores podem ajudar a eletrolisar salmouras de perclorato, gerando hidrogênio e oxigênio puros mesmo nas baixas temperaturas de Marte. “Podemos obter oxigênio para respirar e hidrogênio como combustível usando materiais do próprio planeta”, completa o pesquisador. A eletricidade para conduzir essas reações químicas viria de células de energia solar.
Para os pesquisadores, a tecnologia poderia ajudar a Nasa a levar astronautas para Marte em meados da década de 2030. “Esperamos expandir essa tecnologia e melhorar ainda mais seu desempenho em instalações que simulam o ambiente marciano”, disse Ramani.