Uma equipe de neurocientistas e engenheiros do X, o laboratório de inovação da Alphabet onde são feitas as pesquisas mais inovadoras, está desenvolvendo uma tecnologia para detectar, por meio de ondas cerebrais, diagnósticos de depressão e ansiedade. O projeto Amber, incluindo designs de hardware, foi disponibilizado abertamente no GitHub.

“Após três anos de exploração, concluímos nosso trabalho no X. Agora estamos disponibilizando nossa tecnologia e resultados de pesquisa gratuitamente, na esperança de que a comunidade de saúde mental possa desenvolver nosso trabalho”, afirmou a líder de projetos em estágio inicial no laboratório, Obi Felten.

O Amber junta técnicas de aprendizado de máquina com eletroencefalografia (EEG) para medir a atividade elétrica no cérebro. Ele usa a mesma técnica que avalia o processamento do sistema de recompensa gerado como resposta cerebral após uma vitória em um jogo – que é moderado nas pessoas que estão deprimidas, em comparação com aquelas que não estão.

“Nossa jornada começou fazendo a seguinte pergunta: e se pudéssemos tornar as ondas cerebrais tão fáceis de medir e interpretar quanto a glicose no sangue?”, lembra Felten. Estudos da neurociência já mostravam certos padrões de atividade elétrica no cérebro que  correspondem a sintomas de depressão.

Alphabet/X/Divulgação

Pesquisadores do X testando os primeiros protótipos do Amber. Imagem: Alphabet/X/Divulgação

Por exemplo, muitas pessoas deprimidas descobrem que as coisas que antes lhes davam prazer não o fazem mais. “Elas não experimentam a recompensa que segue uma experiência positiva”, conta a pesquisadora. Ao projetar tarefas específicas para serem realizadas enquanto as pessoas têm suas atividades cerebrais medidas usando EEG, os cientistas medem o processamento dentro do sistema de recompensa do cérebro.

Esses estudos, entretanto, exigem equipamentos caros e especialistas altamente treinados para coletar, processar e interpretar os dados. A ideia do Amber é não só facilitar essa coleta de dados como torná-los mais fáceis de interpretar. Para isso, os pesquisadores do X desenvolveram um sistema de EEG fácil de usar, de baixo custo e portátil, que consegue “ler” os resultados do exame e obter informações úteis da eletrofisiologia do cérebro com uma amostra menor de dados do que o que é tradicionalmente usado em laboratórios.

“Ao longo do nosso projeto, conduzimos mais de 250 entrevistas com usuários potenciais desta tecnologia. Conversamos com pessoas com experiência vivida em problemas de saúde mental e com médicos de todos os tipos, incluindo terapeutas, psiquiatras, psicólogos clínicos, assistentes sociais, médicos de cuidados primários e pediatras”, conta Felten.

A equipe do X não teve sucesso em seu objetivo de encontrar um único biomarcador para depressão e ansiedade, mas avalia que ajudou a desenvolver uma “tecnologia que permite uma medição melhor”, segundo a pesquisadora. “Por esse motivo, decidimos disponibilizar a tecnologia e os insights da Amber para a comunidade global de saúde mental. Acreditamos que podemos causar um impacto maior e mais rápido sobre este enorme problema, compartilhando nosso trabalho livremente”, completa.

Via: VentureBeat