Amazon registra patente para identificar fontes de streaming pirata

Nova tecnologia promete adicionar informações de identificação pessoal a streaming de conteúdos pagos, marcando partes do conteúdo para que provedores encontrem gravações e vazamentos
Rafael Arbulu23/11/2020 19h34, atualizada em 24/11/2020 14h23

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Com o crescimento do Prime Video e produções como ‘The Boys’, ‘American Gods’ e, mais recentemente, ‘Gangs of London’ tomando as manchetes, a Amazon está armando todas as frentes para encarar a pirataria de seus serviços.

Uma nova patente registrada pela empresa pode virar a batalha a seu favor, ao permitir que informações identificáveis sejam encodadas em gravações e streamings ilegais de seus produtos e, consequentemente, levando a empresa à fonte da transmissão irregular.

A documentação enuncia a tecnologia como “Encodando Identificadores em Dados Manifestos Customizáveis”. O texto é extremamente técnico, já que tal tecnologia pode ser usada para uma série de finalidades, mas é na proteção ao conteúdo privado que a coisa se torna mais interessante, conforme o gráfico abaixo:

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Gráfico mostra funcionamento prático de nova patente antipirataria da Amazon. Imagem: Amazon/Divulgação

Em miúdos: um assinante do Amazon Prime Video faz uma gravação ilegal da série ‘The Tick’. Esse assinante tem uma identificação exclusiva (ID:1011) que, quando começa a reproduzir legalmente, a série tem atribuída a esta ação um “dado manifesto customizado” (126). Essas informações são lidas por um Amazon FireTV (124), que faz a requisição dos dados de vídeo e decodifica fragmentos dele diretamente do servidor (122). Até aqui, tudo normal.

Quando o assinante faz uma gravação, digamos, com uma câmera apontada para a TV, isso inclui um código ou marca que faz o apontamento para o dado manifesto no parágrafo acima. “Sem que ‘102’ perceba, porém, um padrão da informação 110 é encodado em pelo menos algumas partes dos fragmentos de conteúdo (ex.: 112-118), identificado pelo dado manifesto 126 e recuperável como uma versão (132) que pode identificar o usuário102 como a fonte do episódio gravado”, diz a Amazon.

De forma mais simples, a empresa está criando uma espécie de “marca d’água”, que é, ao mesmo tempo, visível (para ela) e invisível (para o “pirateiro”). Essa identificação se sobrepõe mesmo em gravações caseiras, permitindo que a Amazon não impeça o streaming pirata, mas encontre a sua fonte e, a partir disso, tome as medidas cabíveis.

“É preferível que, em algumas implementações, essa sobreposição representativa da informação de versão [dos dados] seja imperceptível ao olho humano”, explica a Amazon. “Não somente isso dificulta para que pirateiros de conteúdo a detectem, alterem, removam ou a derrotem de qualquer forma, ela também assegura a qualidade do conteúdo de vídeo sendo marcada com um identificador de versão que não esteja significativamente degradado”.

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‘The Boys’, uma das séries mais populares do Amazon Prime Video, pode ganhar medida antipirataria bastante consistente. Imagem: Amazon/Divulgação

A marca d’água que mencionamos não ficaria na tela, ou no arquivo de vídeo, necessariamente, mas sim na coleção de dados dele dentro do servidor da Amazon. Desta forma, a sua aplicabilidade torna-se mais individualizada. Segundo a Amazon, isso deve proteger seus conteúdos próprios, mas também pode ser licenciado ou oferecido a outras empresas do setor, como Netflix, Disney+ e similares.

Apresentações ao vivo

Mais além, a medida também vale para apresentações ao vivo: a NFL, liga de futebol americano mundialmente famosa pelo Superbowl, é uma das maiores lutadores da pirataria de seus eventos. Pela legislação de alguns estados dos EUA, nem mesmo bares esportivos podem exibir seus jogos normalmente, sendo obrigados a adquirirem pacotes pay per view específicos. No Brasil, o Premiere (futebol) e as lutas de MMA (Canal Combate, da Globosat) também sofrem com isso.

Neste caso, além dos identificadores mencionados acima, as exibições piratas podem também acabar marcando outros detalhes, como a localização do usuário irregular: “É importante ressaltar que o termo ‘dado manifesto customizado’ não é limitado ao nível de especificidade correspondente aos indivíduos descritos no contexto antipirataria. Por exemplo, em um cenário de transmissão [de um jogo] da NFL, o dado manifesto customizável pode ser implementado dentro de uma geografia específica”, diz trecho da patente.

Por ora, essa patente não é muito mais do que isso: uma patente. Normalmente, registros do tipo levam anos até se tornarem produtos específicos – e, em alguns casos, nunca se tornam. Entretanto, com a pandemia nos forçando a ficar cada vez mais em casa e o público mais dependente do streaming e eventos em pay-per-view, não seria surpresa nenhuma se a Amazon tornasse a veiculação dessa tecnologia uma prioridade.

Fonte: TorrentFreak

Colaboração para o Olhar Digital

Rafael Arbulu é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital