A BBC promoveu uma lista com os 100 melhores filmes dirigidos por mulheres, de todos os tempos. O filme mais antigo data de 1916, o mais recente, deste ano.

O primeiro acerto vem no número de votantes. Pela primeira vez numa lista desse tipo, o número de mulheres votantes é maior que o de homens. O segundo acerto vem da presença de alguns títulos nada óbvios na lista.

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É comum em votações desse tipo o resultado final ser tão conservador quanto maior o número de críticos e pesquisadores que votaram. Por isso é espantoso ver, por exemplo, Bom Trabalho (1999), de Claire Denis, em quarto lugar, ou A Ascensão (1977), obra-prima de Larisa Shepitko, em décimo primeiro.

Podemos reclamar de algumas escolhas (porque é sempre divertido reclamar de listas). Toni Erdmann (Maren Ade, 2016), por exemplo, recebeu e continua recebendo uma valorização descomunal e inexplicável (ao menos para mim), e ocupa o oitavo lugar da lista. Guerra ao Terror (2008) é bom, mas não está nem num top 3 da diretora Kathryn Bigelow, como também não está A Hora Mais Escura (2012), o 12º colocado. Por outro lado, Caçadores de Emoção (1991), 14º lugar, é provavelmente o melhor filme de Bigelow.

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Ainda assim, o resultado final impressiona, e serve como um bom guia para que apaixonados busquem ver ou rever os trabalhos escolhidos, e conhecer melhor a carreira de algumas diretoras.

O primeiro colocado, O Piano (1993), por exemplo, talvez não seja o melhor filme de Jane Campion, o que não quer dizer que seja menos admirável por isso (em todo caso, é sempre bom rever).

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Já o segundo, Cléo de 5 às 7 (Agnès Varda, 1962), é uma das obras-primas da Nouvelle Vague francesa e um filme obrigatório para quem quiser entender o cinema moderno.

O terceiro colocado, Jeanne Dielman, 23 Quai du Commerce, 1080 Bruxelles (Chantal Akerman, 1975) é provavelmente um dos filmes mais radicais de toda a lista. Um pouco menos radical é o sexto, As Pequenas Margaridas (Vera Chytilová, 1966), que nem é o melhor filme da diretora.

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Já o quinto lugar é mais comportado, mas extremamente belo: Encontros e Desencontros (2003), de Sofia Coppola. Assim também me parece ser o nono, o menos feliz Aquário (2009), de Andrea Arnold.

Fechando os dez primeiros está, em décimo, o belíssimo Daughters of the Dust (1991), de Julie Dash, que surpreendentemente faz parte do catálogo da Netflix. Isto se justifica pela recente reestreia do filme em Londres, com a atenção que merece.

Claro que algumas presenças não se justificam; algumas ausências idem. Mas é sempre bom ver uma lista composta por tantos filmes desafiadores, e sobretudo uma que apresente tantos filmes bons nos primeiros dez lugares.

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