O Nobel é o prêmio mais importante do mundo da ciência, reconhecendo grandes avanços e descobertas do ano em múltiplas áreas. No entanto, para quem olha de fora, alguns estudos parecem bizarros ou simplesmente engraçados. Para todos esses estudos existe o prêmio Ig Nobel (um trocadilho com a palavra ignóbil), que aprecia esses momentos pouco gloriosos da ciência.

O prêmio foi estabelecido em 1991, com o lema de reconhecer e honrar “feitos que primeiro nos fazem rir, e depois nos fazem pensar”, sempre com uma pegada com senso de humor. Feitos de cientistas brasileiros já chegaram a ser reconhecidos pela premiação, como em 2008, quando os arqueólogos Astolfo Gomes de Mello Araújo e José Carlos Marcelino analisaram o impacto de tatus sobre sítios arqueológicos.

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Em 2019 não é diferente, e já conhecemos os vencedores deste ano, anunciados em evento realizado dentro da universidade de Harvard, nos Estados Unidos. Além do reconhecimento, eles ganham também uma nota de 10 trilhões de dólares zimbabueano, que já saiu de circulação, mas que valia aproximadamente 34 centavos de dólar americano.

Conheça os premiados:

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Anatomia

Autores: Roger Mieusset e Bourras Bengoudifa

Feito: Medir a assimetria de temperatura escrotal em carteiros e motoristas de ônibus nus e vestidos na França.

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O estudo concluiu que há, sim, uma diferença de temperatura entre o testículo direito e o testículo esquerdo. Foram analisados 11 funcionários dos correios trabalhando em pé por 90 minutos e 11 motoristas de ônibus trabalhando sentados por 90 minutos.

Biologia

Autores: Ling-Jun Kong, Herbert Crepaz, Agnieszka Górecka, Aleksandra Urbanek, Rainer Dumke, e Tomasz Paterek

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Feito: descobrir que baratas mortas magnetizadas se comportam diferentemente de baratas vivas magnetizadas.

Baratas e outros insetos são capazes de detectar campos magnéticos e também podem ser magnetizadas. O estudo concluiu que as baratas vivas perdem seu magnetismo muito mais rápido do que as mortas.

Economia

Autores: Habip Gedik, Timothy A. Voss, e Andreas Voss

Objetivo do estudo: descobrir qual o país que possui o dinheiro em papel mais capaz de transmitir bactérias

Entre as moedas analisadas, o Leu romeno se mostrou mais capaz de transmitir bactérias do que os outros.

Educação Médica

Autores: Karen Pryor e Theresa McKeon

Feito: usar uma técnica simples de adestramento animal, que utiliza um objeto chamado de clicker (por que produz um som de clique) para treinar cirurgiões para realizar uma cirurgia ortopédica.

Os resultados mostraram que o grupo de estudantes de medicina que passaram pelo treinamento com “feedback acústico” (o clique) demoraram mais tempo para aprender do que os outros, mas realizavam as tarefas com maior precisão. O clique é usado como uma técnica de reforço de condicionamento, para que o estudante saiba quando está fazendo algo corretamente ou não.

Engenharia

Autor: Iman Farahbakhsh

Feito: criar uma máquina de trocar fraldas de crianças pequenas

A invenção é autoexplicativa e já foi patenteada nos Estados Unidos.

Física

Autores: Patricia Yang, Alexander Lee, Miles Chan, Alynn Martin, Ashley Edwards, Scott Carver, e David Hu

Feito: entender por que o vombate, animal da família dos marsupiais, faz cocô em formato de cubo.

O vombate é o único animal conhecido que defeca em formato cúbico, o que foi intrigante para os cientistas. A razão para isso, segundo o estudo, tem a ver com o formato e a flexibilidade do intestino do animal em conjunto com o ambiente seco em que ele costuma viver.

Medicina

Autor: Silvano Gallus

Feito: coletar evidência de que a pizza pode ajudar a proteger contra doenças e contra a morte, desde que preparada e consumida na Itália.

Em 2003, Gallus conduziu experimentos para analisar se a ingestão de pizza italiana poderia minimizar riscos de infarto do miocárdio, e em 2006 analisou se a ingestão de pizza italiana pode reduzir riscos de câncer de próstata, de ovário e de mama. Ele reconhece, no entanto, que parte dos benefícios percebidos pode ser resultado de uma dieta mediterrânea mais ampla.

Paz

Autores: Ghada A. bin Saif, Alexandru Papoiu, Liliana Banari, Francis McGlone, Shawn G. Kwatra, Yiong-Huak Chan, e Gil Yosipovitch

Objetivo do estudo: tentar medir o nível de prazer de se coçar.

Os autores induziram coceiras em suas cobaias e constataram que as áreas do tornozelo e das costas se mostraram mais propensas a coçar do que o antebraço. Também foi constatado que coçar as áreas afetadas se mostrou mais agradável nessas áreas mais propensas.

Psicologia

Autor: Fritz Strack

Feito: descobrir que colocar uma caneta na boca faz uma pessoa sorrir, o que por sua vez faz uma pessoa mais feliz; e por descobrir que não faz.

Este caso também vale uma explicação: Fritz Strack havia publicado um estudo em 1988 que apontava que o sorriso, mesmo forçado com uma caneta na boca, faz as pessoas ficarem mais felizes. No entanto, anos mais tarde, em 2016, ele revisitou o tema e não conseguiu replicar suas conclusões.

Química

Autores: Shigeru Watanabe, Mineko Ohnishi, Kaori Imai, Eiji Kawano, e Seiji Igarashi

Feito: estimar o volume total de saliva produzida por uma criança de cinco anos média

Os cientistas examinaram como diferentes tipos de alimento afetam o fluxo de saliva de crianças, o que envolvia fazer com que elas mastigassem a comida e cuspissem em vez de engolir. O material era pesado e comparado com o momento pré-mastigação para avaliar qual era o peso da saliva.