MADRI* – Em um evento realizado nesta semana em Madri, na Espanha, a Hewlett Packard Enterprise (HPE), anunciou uma parceria com a startup norte-americana Jungla. Juntas, as empresas pretendem acelerar o processo de sequenciamento do genoma humano.

A HPE é uma empresa de soluções de T.I. que opera separadamente da HP Inc., companhia que vende impressoras e PCs mundo afora. Os dois negócios se separaram e formaram organizações diferentes em 2015.

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A Jungla, uma startup focada em inteligência artificial e big data aplicado à medicina, vai usar o Memory-Driven Computing Sandbox (MDCS), uma plataforma em nuvem de computação em memória oferecida pela HPE para clientes corporativos, anunciada em junho deste ano.

A Jungla é a primeira cliente do MDCS, segundo um porta-voz da HPE. A startup vai usar a plataforma de 48 terabytes para sequenciar genomas e processar os dados, buscando insights obtidos por meio de inteligência artifical que permitam aos pesquisadores descobrir novas oportunidades de estudo.

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Segundo a HPE, a parceria permitirá que os pesquisadores da Jungla façam análises moleculares de alta resolução até 250 vezes mais rapidamente do que o processo utilizado hoje, que usa computação tradicional e muito trabalho manual.

O genoma completo de um paciente tem cerca de 5 GB, mas os pesquisadores chegam a gerar quase 40 TB de dados analisando a sequência genética de uma só pessoa. Tudo isso é difícil de processar usando hardware tradicional, o que torna o processo todo mais lento por consequência.

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“Para identificar o valor de dados tirados de um genoma, nós precisamos olhar além das mudanças na sequência genética de um paciente, e ver as mudanças induzidas às funções moleculares e celulares”, explicou Carlos Araya, CEO da Jungla, num encontro com jornalistas e analistas de mercado em Madri.

“Para fazer isso, nós construímos sistemas computacionais e experimentais que podem oferecer níveis sem precedentes de insights para equipes clínicas”, acrescentou. “Isso exige aumentos massivos na escala dos dados e dos processos para gerar e analisar esses dados.”

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A ideia, no longo prazo, é permitir que a análise rápida de dados processados a partir do genoma de um paciente gerem respostas rápidas para médicos tentando realizar um diagnóstico, por exemplo. Hoje em dia, identificar uma alteração genética que possa explicar a doença de um paciente leva muito tempo, o que coloca a sua vida em risco.

Se os médicos pudessem ter resultados de exames genéticos quase instantâneos, que é o que propõe a Jungla, o início do tratamento pode começar mais cedo e as chances de recuperação do paciente aumentam. Mais adiante, a expectativa é de que essa tecnologia crie o que a HPE chama de “plano de saúde personalizado”.

Mais precisamente, o que a HPE propõe é um sistema de saúde que leve em conta cada detalhe do genoma de uma pessoa e que possa se antecipar a possíveis doenças, conferindo a predisposição genética de um paciente a certas enfermidades. Sem a generalização dos planos de saúde atuais.

Além disso, a HPE anunciou que está trabalhando com pesquisadores e médicos do Centro de Doenças Neurodegenerativas da Alemanha (DZNE, na sigla em alemão) para “explorar o potencial da tecnologia para transformar múltiplas áreas da indústria da ciência”, segundo a empresa.

Tudo isso faz parte de um projeto do Fórum Econômico Mundial, o Tech Impact 2030. A HPE anunciou a colaboração com o FEM em junho deste ano, com o objetivo de elaborar propostas de como a tecnologia pode resolver desafios sociais globais nos próximos 12 anos.

Os projetos com a Jungla e com o DZNE fazem parte da proposta de desenvolver medicina de precisão acessível para o mundo todo até 2030. As novidades foram anunciadas durante o HPE Discover 2018, um evento voltado a jornalistas e analistas de mercado realizado na capital da Espanha.

*O jornalista viajou a Madri a convite da Hewlett Packard Enterprise