O escritor russo Issac Asimov, um dos grandes mestres da ficção científica e autor da série Robôs, cunhou o temo robótica pela primeira vez na obra “Eu, Robô”, publicada em 1950. O livro é uma coletânea de nove contos publicados em revistas ao longo da década anterior onde o autor conta a evolução dos robôs, de meros executores de tarefas domésticas até tomarem as rédeas do sistema produtivo. Na época, tudo não passava de “ficção científica” e, para muitos, mera especulação e destinado a um futuro muito, mas muito distante.

Quando entramos no Século XXI, e não faz muito tempo, começamos a olhar para o mundo, e para Asimov, com menos desconfiança e mais empolgados com as possibilidades futuras. Ainda não terminamos a segunda década deste século e já temos razões suficientes para dizer que o futuro desenhado, escrito e filmado a partir do escritor russo é hoje extremamente mais real e factível do que o esperávamos.

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Recentemente, três notícias que envolvem a tecnologia além das fronteiras demonstraram que o futuro é agora. Ou, quase lá! E todas têm a ver com o nosso dia a dia, quando participamos ativamente da evolução tecnológica e, particularmente, na educação, de novas práticas e aprendizados. Na verdade, estamos presenciando in loco um novo acontecer na história da humanidade, em pleno “olho do furacão”. Quem puder compreender o momento em que vivemos terá melhor clareza do que acontece agora e o que será o futuro.

A primeira notícia que me chamou atenção foi o lançamento, na China, de um âncora de TV feito por inteligência artificial, pela agência de notícias Xinhua em colaboração com a gigante de tecnologia Sogou. Outra foi que A universidade Imperial College vai oferecer aulas com professores holográficos. A escola londrina acredita que será a primeira instituição acadêmica no mundo a fazer uso deste recurso com regularidade, porém vai limitar inicialmente as aulas com hologramas à Escola de Negócios. Por fim, a terceira é que o Instituto Tecnológico de Massachusetts (MIT) terá uma universidade de inteligência artificial, voltada para o uso “responsável e ético” da tecnologia e vai criar um espaço interdisciplinar de informática, inteligência artificial, ciência de dados e outros campos relacionados.

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Daqui pra frente, vamos ter que pensar não sobre o que já está pronto, o que a tecnologia nos oferece, mas como podemos aplicar isso tudo em prol da aprendizagem. E, a partir da escola, ensinar e aprender com as nossas crianças e adolescentes como esses avanços interferirão cada vez mais, de forma direta e indiretamente, na sociedade.

Ter a Inteligência Artificial ao nosso alcance já é trivial – vide seu smartphone. Mas construir a partir do zero novos modelos para beneficiar a sociedade, em educação, saúde e segurança pública, por exemplo, talvez seja uma lição de casa que as escolas deverão buscar cotidianamente, porque não basta aos estudantes mexer com a tecnologia e, sim, aprender a desenvolver, criar, recriar, tonar acessível e escalável as soluções para suas múltiplas funções e usos.

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E para entender ainda mais toda essa evolução da Inteligência Artificial, vou para Hong Kong visitar a Hanson Robotics, empresa que criou a Sophia, considerado o robô mais inteligente do mundo e realista, e cujo objetivo é o seu desenvolvimento como plataforma de inteligência artificial geral (AGI) para aplicações de robótica para serviços, negócios, medicina, saúde e educação.

Vale dizer ainda que ensinar e aprender com tudo isso passa pelas instituições de ensino, desde o ensino básico, com professores bem preparados e uma grade curricular estruturada. Se o MIT já tem uma Universidade de Inteligência Artificial é porque enxergam alguma razão para isso, não é? E, como diz um velho ditado: “É de pequenino que se torce o pepino”.