O Android P está cada vez mais perto do lançamento. Com a chegada da última versão beta antes do lançamento, pouco deve mudar até o sistema ser liberado de forma oficial, que deve acontecer no próximo mês.

O Olhar Digital teve a oportunidade de experimentar o Android P para conferir as principais novidades e passar as impressões sobre a plataforma, que você pode conferir abaixo.

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Vale notar, no entanto, que os testes foram feitos em um Pixel XL (1ª geração), que usa um Android praticamente puro e se beneficia totalmente dessas atualizações do sistema. Alguns dos recursos mencionados já existem em outros aparelhos Android graças a modificações dos fabricantes e algumas das novidades acabarão omitidas em outros aparelhos.

Barra de navegação e os gestos

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A grande novidade do Android P é a possibilidade de extinguir os três botões que são parte tão central da experiência do sistema: Voltar, Home e Apps Recentes. É uma opção, no entanto: o sistema vem configurado para continuar usando o formato antigo e você só perceberá a mudança se ativamente for mexer nos ajustes do Android para utilizar as opções de gestos.

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Se você fizer isso, será presenteado com uma barra de navegação que contém apenas uma barrinha horizontal. Quando pressionada, ela funciona como o botão Home, saindo de aplicativos e indo para tela inicial. Ela também pode receber um toque longo para chamar o Google Assistente. Quando ela é arrastada para cima, ela funciona como o botão Apps Recentes, exibindo a lista de aplicativos abertos e permitindo alternar entre eles.

Neste caso, o botão Voltar passa a ser contextual. Ele ainda existe, mas só aparece nos momentos convenientes. Se você estiver dentro de um app e precisar voltar para uma página anterior, o botão estará lá para você.

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Eu tenho usado esse formato de navegação por gestos no meu Pixel há algumas semanas e ele acabou se tornando natural para mim, mas demorou um pouco para me acostumar. O recurso parece ter sido criado como uma resposta ao iPhone X, mas o Google parece ter pouca confiança no modelo, pois ele fica no meio do caminho entre o Android convencional e o novo iPhone. A presença do Voltar contextual parece uma gambiarra para não quebrar a navegação dentro dos apps, mas isso também poderia ser resolvido como no iPhone, onde é possível apenas deslizar o dedo para voltar a uma tela anterior, ou implementando um gesto de voltar na própria barra.

Novo Quick Settings

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Uma das mudanças visuais mais evidentes no Android P está no menu de configurações rápidas, acessíveis quando você desliza o dedo de cima para baixo. Agora cada ícone reside dentro de uma bolinha, e seu funcionamento foi ajustado para que todos os botões respondam de uma maneira uniforme: um toque rápido simples faz com que a configuração seja ligada ou desligada; um toque prolongado faz com que as opções relacionadas àquele ajuste sejam abertas com mais detalhe.

Também é interessante notar que agora é possível escolher o esquema de cores da área de ajustes rápidos. No Android Oreo, o tema se alternava automaticamente entre claro e escuro dependendo do que fosse predominante no seu papel de parede; agora também é possível definir manualmente se você prefere a cores claras ou escuras sem levar em conta o seu plano de plano de fundo.

As mudanças foram muito bem-vindas em uma área do Android que parecia intocada há uns cinco anos. A padronização no funcionamento dos botões faz com que o seu comportamento seja previsível, o que também é ótimo, embora possa causar um pouco de confusão inicial. Por fim, o fato de ser possível escolher entre um tema claro e escuro manualmente é tão obviamente lógico que é até questionável como o Google demorou tanto tempo para implementar essa opção.

Novo Não Perturbe

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Implementado há algumas versões, o modo foi reformulado para oferecer opções mais radicais para quem realmente não quer ser perturbado à noite ou em outros horários que venha a configurar.

Agora o sistema em vez de apenas silenciar as notificações, pode eliminar quaisquer outros tipos de alertas visuais. Isso é importante, porque o celular até poderia não fazer barulho, mas a luz de notificação poderia começar a piscar, ou a tela se acende do nada, despertando a curiosidade e fazendo com que a pessoa mexa no celular de qualquer forma.

É outra mudança bem-vinda e que é opcional, então certamente não vai afetar negativamente a experiência de ninguém com o celular, mas pode melhorar a vida de pessoas que têm dificuldade de colocar o smartphone de lado na hora de dormir e acabam tendo seu sono afetado.

Mudanças para abrigar o entalhe

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Graças ao iPhone X, hoje todas as empresas acham que é uma boa ideia lançar um celular com um entalhe na tela para abrigar sensores e a câmera frontal. O Android P agora traz um suporte nativo a esse tipo de design, ajeitando a barra superior do sistema para se adaptar a essa realidade.

Por causa disso, o relógio do Android mudou de lado, e agora está no lado esquerdo da tela, e o número de ícones que podem ser exibidos no topo do painel diminuiu consideravelmente, para não invadir a área do entalhe.

Essa é uma mudança que pode desagradar algumas pessoas, especialmente quem está acostumado a ter vários ícones de notificação no topo da tela. Ela poderia ter sido pensada de uma forma mais inteligente: se o celular não tem entalhe, não há motivo para limitar a área destinada aos ícones.

Melhorias nas capturas de tela

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O Android P deu alguns saltos relacionados às capturas de telas (os famosos “prints”). O primeiro deles é o fato de que agora ficou consideravelmente mais fácil editar e desenhar sobre uma captura, já que o botão “Editar” agora está presente na notificação junto de “Compartilhar” e “Excluir”. Ao pressioná-lo, é possível cortar a imagem e fazer alguns rabiscos, possibilitando circular, destacar ou rasurar o que for necessário.

Além disso, também ficou mais fácil tirar os prints, sem a necessidade de pressionar uma combinação de botões que muitas vezes falhava. Agora, ao segurar o botão de liga/desliga do celular, o Android apresenta as opções “Desligar”, “Reiniciar” e “Captura de tela”.

Ambos os ajustes são extremamente positivos e podem ajudar bastante quem tem o hábito de tirar print da tela do smartphone. É o tipo de coisa que, de tão óbvia, se torna natural tão rapidamente que é até difícil lembrar como era antes.

Melhorias na seleção de texto

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Escreveu alguma coisa, mas quer corrigir uma única letra de uma palavra? Agora o Android P ganhou uma ferramenta de zoom similar ao do iOS, que permite movimentar o cursor com precisão, o que permite remover exatamente o caractere que você quer, sem precisar de forma milimétrica do dedo na tela para que o cursor fique no lugar correto.

Esse tipo de ajuste é bem-vindo, complementando uma solução que já existia com o Gboard, o teclado do Android, que já permitia arrastar o cursor de forma precisa. O zoom permite ver com maior cuidado o que você está fazendo, o que é ótimo.

Ações

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Uma das mudanças mais importantes no Android P é o que o Google chamou de “Ações”. São recomendações baseadas no seu histórico de utilização de aplicativos: se o sistema entende que você costuma conversar com um determinado grupo de WhatsApp ou escutar músicas e podcasts em um determinado horário, ele pode sugerir esta ação em um momento adequado.

As ações sugerem atividades específicas dentro de apps. Ele não sugere só, por exemplo, o WhatsApp: o recurso sugere um contato do aplicativo, que permite abrir o app diretamente na janela de conversa respectiva. Da mesma forma, ele não sugere apenas o aplicativo de podcasts, mas sugere a janela dos últimos episódios lançados entre os conteúdos que você assina.

Por enquanto, as ações têm sido sugeridas para mim dentro da “gaveta” de aplicativos do Android, que é a janela onde ficam todos os apps instalados pelo usuário. Não é uma área particularmente acessível do sistema, e as recomendações não têm sido exatamente úteis, então essa é uma das mudanças do sistema que afetou muito pouco meu uso.

Mudanças na interface de volume

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Por fim, uma das mudanças mais bem-vindas está na mudança como o sistema lida com os controles de volume. Primeiro, está o fato de que o pop-up foi movido para o canto da tela, perto dos botões de volume, o que é bastante lógico.

O segundo destaque está no fato de que agora o pop-up sempre privilegia o controle de volume de mídia, mesmo quando você não está reproduzindo nenhuma música ou vídeo. Isso é particularmente útil porque raramente você quer ajustar o volume do toque de celular ou de uma notificação, a menos que seja para silenciá-la, mas mexer no volume da sua música é algo frequente.

Se você quer silenciar o seu celular, ainda é fácil, porque o sininho é um botão que oferece três opções: permitir som e vibração, deixar apenas a vibração ligada ou então eliminar tanto sons quanto vibração. Enquanto isso, o ícone da engrenagem permite ajustar os volumes de forma mais granular se assim você preferir.

Uma outra novidade envolve o uso de Chromecast ou outros dispositivos que permitam streaming controlado pelo celular. Até o Android O, se você tentasse mexer no volume do seu celular enquanto transmitia um vídeo pelo Chromecast, você apenas ajustaria o som da sua TV. Agora o sistema apresenta duas barras de volume separadas: uma para sua TV e outra para o celular.