Uma equipe de pesquisadores da Universidade de Alberta, no Canadá, conseguiu usar técnicas de manipulação genética para reviver um vírus que já havia sido extinto. Mais notavelmente, segundo a Science Mag, eles fizeram isso usando pares de base de DNA que podem ser comprados pelo correio de empresas especializadas.

O organismo que voltou da extinção foi um vírus conhecido em inglês como “horsepox”. Trata-se de uma versão da varíola que infecta cavalos e gado e estava extinta desde a década de 1980. Mas, segundo David Evans, o chefe da pesquisa, o foco desse trabalho são os seres humanos.

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O estudo foi financiado pela empresa farmacêutica Tonix, que informa que o vírus pode ser usado para criar uma vacina mais eficiente contra varíola. Ele também pode ser modificado para criar um vírus que ataca especificamente tumores, o que geraria um novo tipo de terapia contra câncer.

Para conseguir “reverter a extinção” do vírus, os pesquisadores misturaram diversos fragmentos de DNA ao genoma do vírus e inseriram a mistura resultante numa célula. A célula então virou uma espécie de “fábrica” do vírus extinto, e começou a criar cópias do DNA criado pelos cientistas. O processo também é relativamente barato: segundo o Stat News, os pares de DNA custaram cerca de US$ 100 mil (R$ 326 mil, aproximadamente).

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Faca de dois gumes

No entanto, o estudo de Evans também tem consequências preocupantes. Isso porque ele mostra que é possível recriar um vírus extremamente perigoso usando recursos que podem ser adquiridos de maneira relativamente fácil e barata. O próprio Evans reconhece essa questão: “Não há dúvida. Se é possível com a varíola para cavalos, é possível com a varíola para humanos”, disse.

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Essa situação fez com que o artigo escrito por Evans em torno do assunto fosse negado por duas publicações científicas, segundo o Engadget. Mesmo assim, ele acredita que a publicação e a divulgação do estudo sejam importantes. “Ninguém da área se surpreendeu com isso [o estudo], e nós temos avisado a Organização Mundial da Saúde [de que isso é possível] há anos”, disse.

A preocupação das publicações é que pessoas mal-intencionadas usem o conhecimento de Evans para recriar um vírus perigoso e usá-lo para fins criminosos ou terroristas. O pesquisador reconhece que isso é possível, mas não considera que a publicação de seu trabalho aumentaria as chances de acontecer. “Será que eu aumentei o risco de que isso aconteça mostrando como fazê-lo? Eu não sei. Talvez sim. Mas a verdade é que o risco sempre existiu”, conclui.