A apresentação do primeiro iPhone é lendária. Com Steve Jobs como showman, capaz de falar com naturalidade e apresentar seus produtos de forma genuinamente empolgante, o vídeo é plenamente interessante ainda nos dias de hoje, mesmo com o aparelho obviamente tendo se tornado ultrapassado dez anos após seu lançamento.

O fato é que o celular foi marcante para sua época, quando o mercado de tecnologia era completamente diferente daquele em que vivemos atualmente. Isso cria algumas distorções quando você assiste à apresentação nos dias de hoje que podem chegar a ser consideradas engraçadas, como observou o site VentureBeat.

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Abaixo estão algumas das passagens que, em luz do que sabemos hoje, podem chegar a provocar risos.

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1. “Tem uma tela de 3,5 polegadas. É realmente grande”

Em 2007, o mercado era dominado por celulares com teclado físico e que, por isso, precisavam ter uma telinha pequena. Na época, 3,5 polegadas realmente foi uma revolução. O problema é que, de lá para cá, esse tamanho de tela foi totalmente aposentado, com o menor aparelho com lançamento recente sendo exatamente o iPhone SE, com painel de 4 polegadas. Hoje, os principais lançamentos têm 5,5 polegadas ou mais, com aparelhos considerados “pequenos” orbitando a faixa de 5 polegadas.

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2. “Você não pode pensar na internet sem pensar no Yahoo”

Em 2007, o Yahoo já não era mais tudo isso, vamos ser bem honestos. A empresa já apresentava decadência após chegar ao seu pico, próximo ao ano 2000, e o Google já dominava o mercado de buscadores com alguma folga. No entanto, Jerry Yang, cofundador da empresa, subiu ao palco para destacar a parceria com a Apple no serviço de e-mails do iPhone, enquanto o Yahoo Mail ainda era gigante.

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Hoje, o Yahoo não é praticamente mais nada no mercado de tecnologia. A empresa acumulou prejuízos por anos e viu seus produtos se tornarem defasados.

3. “Quem quer uma stylus? Você precisa pegá-las, guardá-las e depois você as acaba perdendo. Eca. Ninguém quer uma stylus”

A declaração foi engraçada na época, mas por motivos diferentes dos de atualmente. Oito anos depois, em 2015, a Apple lançou a sua própria stylus. Sim, ela é para o iPad Pro, e não para o iPhone e se chama Apple Pencil.

A empresa pode jurar que não é uma stylus, mas é, sim. Só tem outro nome e é mais chique, mas a ideia é a mesma.

4. “É um prazer apresentar a vocês o dr. Eric Schmidt, CEO do Google”

Houve uma época em que Apple e Google não eram concorrentes diretos. A Apple produzia computadores e o Google produzia serviços de internet, para resumir. As duas empresas conviviam tão pacificamente que Eric Schmidt, que já deixou de ser CEO do Google, mas ainda é um dos principais executivos, ocupava uma cadeira no conselho da Apple, o que lhe garantiu um espacinho na apresentação do iPhone.

Alguns anos depois, o Google lançaria o Android, criando concorrência direta com a Apple, o que forçaria Schmidt a deixar o conselho da companhia. Jobs também ficaria furioso com o que julgava ser um roubo do design da Apple, lançando uma batalha legal contra o Google e contra a Samsung, que se tornou a principal fabricante Android.

5. “Vamos ver se conseguimos 1% do mercado em 2008”

Hoje já se sabe que o iPhone era uma grande aposta da Apple, que precisava se precaver contra o iminente declínio do iPod devido à visão de que celulares e reprodutores de mídia se tornariam uma coisa só. Se o celular não vingasse, a empresa estaria em maus lençóis. Então, quando Jobs falava em 1% do mercado, ele realmente esperava que fosse muito mais.

O iPhone cumpriu com folga esse objetivo, sendo o fator responsável pelo declínio de gigantes como BlackBerry e Nokia. O iPhone também é o modelo de celular mais comprado no mundo, com folga, embora o Android seja a plataforma predominante no planeta graças à presença em smartphones baratos e muito acessíveis. Em mercados mais desenvolvidos, onde há maior poder aquisitivo, como Estados Unidos e Europa, a disputa é mais parelha.