A renúncia do CEO Travis Kalanick não tirou a Uber magicamente da sua cama de problemas, tanto que, um dia após a partida do executivo, surgiu mais uma notícia complicadora para a companhia.

Documentos apresentados em corte pela Waymo, empresa-irmã do Google que processou a Uber por roubo de documentos relacionados a tecnologias de direção autônoma, sugerem que a empresa de transportes sabia que um de seus empregados possuía informações pertencentes à Alphabet (a “mãe” de Waymo e Google).

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“De acordo com novos documentos registrados no tribunal pela Waymo, a Uber reconheceu que Anthony Levandowski disse a Travis Kalanick e outros executivos da Uber que ele tinha cinco discos contendo arquivos pertencentes à Waymo”, reportou, nesta quinta-feira, 22, o Axios.

Kalanick teria dito a Levandowski, em março de 2016, que não trouxesse material do Google para dentro da Uber, e pouco depois Levandowski disse ao futuro chefe que destruiu o material.

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Por que isso importa?

Anthony Levandowski é o sujeito que fundou a Otto, uma empresa focada em automação de caminhões. Antes da Otto, ele trabalhava na Waymo, divisão de carros da Alphabet, e depois acabou vendendo a start-up à Uber, que se tornou um dos principais players na corrida pelo futuro mercado de veículos que dispensam motoristas.

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Em fevereiro deste ano, a Waymo processou Uber e Otto sob a acusação de que Levandowski havia roubado 14 mil documentos relativos à sua tecnologia de automação. Embora tenha respondido que desenvolvera sozinha a sua própria tecnologia, em abril, a Uber admitiu ter encontrado um dos documentos roubados no computador de um funcionário chamado Sameer Kshirsagar — outro ex-empregado da Waymo, como lembra o The Next Web.

No mês passado, Levandowski apelou à 5ª emenda da Constituição americana (que garante ao cidadão o direito de não produzir provas contra si próprio) para não ser obrigado a depor sobre o caso — presumivelmente, porque isso poderia incriminá-lo.

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A Uber, então, dispensou Levandowski, mas sempre manteve o discurso de que não tinha conhecimento sobre os arquivos roubados, informação agora contestada judicialmente pela Waymo. O problema parece ainda pior porque a conversa entre Kalanick e Levandowski teria ocorrido antes da aquisição da Otto, que ocorreu em agosto de 2016.