Como se as coisas já não estivessem suficientemente ruins para a Denuvo, a empresa australiana, que por anos foi referência na ajuda ao combate à pirataria de jogos, tornou-se alvo de uma reclamação das mais irônicas.

Um desenvolvedor da empresa russa VMProtect Software, cuja plataforma promove proteção contra cracking e engenharia reversa, usou as redes sociais para acusar a Denuvo de piratear seu produto.

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“Um tempo atrás, essa companhia lançou um sistema de proteção de mesmo nome, mas a coisa mais interessante é que eles usaram, de forma absolutamente ilegal, o nosso software”, escreveu o desenvolvedor, que, segundo reporta o TorrentFreak, identificou-se apenas como drVano.

A história é a seguinte: cerca de três anos atrás, as duas empresas começaram a se falar sobre a possibilidade de a Denuvo usar a plataforma da VMProtect no seu sistema. Os russos disseram que tudo bem, contanto que os australianos pagassem a licença padrão do software, que era de US$ 500 — um custo bem mais baixo do que o de se produzir uma plataforma semelhante do zero, garante drVano.

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Embora não tenha fechado acordo, a Denuvo teria comprado uma versão mais barata do software e implementado a tecnologia. Mais para frente, a sua plataforma faria grande sucesso entre os desenvolvedores de jogos, chegando a ser apontada como culpada por possivelmente matar a indústria paralela.

“Estamos começando a preparar uma reclamação oficial contra a Denuvo com a prospecção de irmos a tribunal”, continuou o desenvolvedor russo. “Essa pode ser uma lição muito boa para desenvolvedores ‘ávidos’ que não se importam com a propriedade intelectual dos seus colegas no mesmo mercado.”

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O menor dos problemas

A acusação de pirataria pode até ser irônica, mas talvez ela seja o menor dos problemas da Denuvo. Faz meses que sua solução vem enfrentando descrédito porque vários jogos supostamente protegidos foram parar na internet — alguns, como “Resident Evil 7”, em questão de dias.

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Até agosto de 2016, o software Denuvo era considerado impenetrável. No começo daquele ano, inclusive, uma cracker conhecida como Bird Sister previu que o sistema tornaria o trabalho de gente como ela impossível.

Mas levou apenas alguns meses para que a previsão se provasse exagerada, já que o grupo cracker CONSPIR4SY (CPY) conseguiu abrir “Rise of the Tomb Rider”, que havia sido lançado cinco meses antes. Poucos dias depois, o mesmo grupo jogou “Inside” na rede, dobrando sua eficiência, pois o título independente saíra seis semanas antes.

Dali em diante foi ladeira abaixo: “Doom”, “Mirror’s Edge Catalyst”, “Deus Ex: Mankind Divided” e “Watch Dogs 2” foram alguns dos que acabaram crackeados. A pancada foi tão forte que a desenvolvedora Bethesda atualizou “Doom” para uma versão sem a proteção, e o mesmo foi feito pela Playdead, responsável por “Inside”.

A versão mais recente do software, segundo o TorrentFreak, foi quebrada em menos de uma semana.