De acordo com o site TurkeyBlocks, que monitora a censura online na Turquia, o governo turco bloqueou o acesso de seus cidadãos ao Dropbox, Google Drive, OneDrive e GitHub ao longo do fim de semana. O bloqueio teve o objetivo de dificultar o acesso dos cidadãos a um conjunto de 17GB de e-mails vazados de Berat Albayrak, ministro da Energia e Recursos Naturais e genro do atual presidente, Tayyip Erdogan.

Os vazamentos foram feitos pelo grupo de hackers ativistas RedHack no fim de setembro. Ele inclui 57.623 e-mails de Albayrak, incluindo correspondências sobre as estratégias do governo. Uma corte da Turquia inadvertidamente confirmou a autenticidade do vazamento em uma decisão judicial, que pode ser vista no tweet abaixo:

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O grupo de hackers havia ameaçado o governo com o vazamento dos dados, e pedia que alguns presos políticos fossem libertados para evitar o vazamento. O governo, por sua vez, não acatou as medidas dos hackers e ainda ordenou a suspensão da conta do grupo no Twitter. Em seguida, o RedHack vazou os dados.

Controle da mídia

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Segundo o Daily Dot, que teve acesso aos e-mails vazados, as mensagens revelavam como o governo de Erdogan se articulava com os principais veículos de mídia da Turquia para garantir sua permanência no poder.

Albayrak recebeu, com a ajuda de Erdogan, financiamento público para comprar um jornal de grande circulação e um canal de TV da Turquia. Após essa aquisição, o jornal e a TV passaram a receber frequentes “recomendações” do governo sobre o que publicar e o que não publicar.

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Esses veículos também favoreciam desmesuradamente o governo de Erdogan e de seus aliados, e seu controle sobre a mídia ficou cada vez mais forte. Um canal de TV da Turquia chamado TRT foi multado por dar ao político 125 vezes mais espaço nas prévias das eleições de 2014 do que a todos os demais candidatos juntos.

Controle da internet

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Não foi só nos meios tradicionais que Erdogan interveio para garantir que nada de mau fosse falado sobre ele. O governo turco criou uma equipe com 6000 funcionários para monitorar as redes sociais, e usou bots e outros truques para garantir que discursos favoráveis ao governante tivessem maior circulação que mensagens dissidentes.

Youtube, Twitter e outras redes sociais também passaram por ameaças e bloqueios no país durante o governo de Erdogan. Infrações desse tipo à liberdade de expressão não passaram despercebidas a outros grupos de hackers. O Anonymous por exemplo já assumiu a autoria de um ciberataque contra o país.

Bloqueio

Como sites de armazenamento na nuvem facilitam o acesso a arquivos grandes, o governo turco bloqueou-os para dificultar o acesso aos e-mails vazados (que expoem a história acima). Segundo o TurkeyBlocks, o governo emitiu uma nota oficial justificando o bloqueio do Google Drive, mas não dos demais sites.

Usuários que tentem acessar os sites por meio de computadores ou smartphones esbarrarão em erros SSL. O Google Drive já voltou para alguns usuários de operadoras menores do país, segundo o TurkeyBlocks, mas os demais serviços não têm previsão para voltar ao ar.