Desde que a humanidade aprendeu a olhar para o céu estrelado e perguntar “estamos sozinhos no universo?”, a ciência aguarda por uma notícia como a divulgada esta semana pela revista norte-americana Nature. Astrônomos descobriram um planeta potencialmente habitável na órbita de Proxima Centauri, a estrela mais próxima do nosso sistema solar.

Trata-se, portanto, do planeta potencialmente habitável mais próximo da Terra já encontrado. Chamado de “Proxima b”, o nosso vizinho está a “apenas” 4,2 anos-luz de nós. Embora não seja exatamente “logo ali”, é a menor distância entre a Terra e um exoplaneta com capacidade de abrigar vida já descoberta.

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Para ser classificado como potencialmente habitável, um planeta precisa possuir algumas características que o tornem semelhantes à Terra, como, por exemplo, que ele seja rochoso e esteja localizado a uma distância suficiente de sua estrela-mãe para que possa haver água em estado líquido na sua superfície.

Segundo os pesquisadores da Universidade Queen Mary, de Londres, que lideraram o estudo e divulgaram a descoberta, o Proxima b preenche os requisitos. Os cálculos feitos pelos astrônomos sugerem que o planeta tem apenas 30% mais massa do que a Terra, o que sugere sua formação rochosa.

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O exoplaneta leva pouco mais de 11 dias humanos para completar uma volta em torno da Proxima Centauri. Apesar de estar bem mais próximo de sua estrela do que a Terra do Sol, o Proxima b está na zona habitável do seu sistema solar porque a Proxima Centauri é uma anã vermelha, com menos de 15% do diâmetro do Sol: mais fria, menos brilhante e bem menor.

Se por um lado a distância permite que haja água em estado líquido no planeta, por outro lado o Proxima b sofre muito mais com erupções estelares e emissões de raios X e ultravioleta. A estimativa dos cientistas é de que o planeta receba 400 vezes mais radiação solar do que a Terra.

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Obstáculos na descoberta

Apesar de estar tão próximo, o Proxima b só foi descoberto agora por conta do método utilizado pelos cientistas para realizar a detecção. Além da Universidade Queen Mary, um time de diversos astrônomos espalhados por diversos países cruzou dados para garantir de que os sinais recebidos não eram uma “miragem”.

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Para detectar um planeta rochoso, do tipo que não emite radiação suficiente para ser detectado por um telescópio na Terra, os cientistas ficam de olho na rotação da estrela. Quando existe um planeta na órbita de uma estrela, é possível notar a força gravitacional puxando o astro de um lado para o outro durante sua rotação.

O caso é que, dependendo da estrela e da distância, esse movimento pode tanto ser causado por um planeta quanto por ela mesma, simplesmente girando em torno do próprio eixo. Por isso, mesmo após diversos estudos e pesquisas direcionados à Proxima Centauri, foi tão difícil ter certeza de que lá existe mesmo um planeta.

Ainda não há como garantir, com 100% de certeza, porém, que o Proxima b é realmente habitável. Apenas estudos complementares podem revelar detalhes sobre a atmosfera do planeta: os tipos de gases e o nível de toxicidade. Só assim será possível determinar se o planeta tem ou não condições de abrigar vida como a da Terra.

Mais do que a busca por alienígenas, a descoberta também acende a esperança de cientistas que acreditam que, um dia, a humanidade pode vir a ser obrigada a “trocar de casa” e se mudar para uma nova Terra. Leia o artigo científico na íntegra (em inglês) aqui.