De acordo com um estudo realizado pela RAND Europe (pdf), o número de transações envolvendo drogas ilegais realizadas pela Deep Web triplicou desde 2013, quando o Silk Road, principal “mercado negro” da Deep Web, foi derrubado pelo FBI.

Aquele site, que concentrava os anúncios de drogas na rede profunda, foi substituído por “cerca de 50 ‘criptomercados’ e lojas onde vendedores e compradores se encontram de maneira anônima para comercializar drogas ilegais, novas substâncias psicoativas, remédios que só são vendidos com receita e outros bens e serviços.

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Expansão

O estudo, realizado a pedido do Ministério de Segurança e Justiça da Holanda, investigou os oito principais DNMs (Dark Net Markets, ou mercados da rede subterrânea). Esses oito sites são responsáveis por cerca de 80% das transações do tipo que ocorrem na internet, e continham mais de 105 mil listagensdais quais 57% eram drogas.

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Ao todo, esses oito sites geram uma renda mensal de cerca de US$ 14,2 milhões. Em comparação, a Silk Road, no mês anterior ao seu fechamento pelo FBI, gerou uma receita de aproximadamente US$ 7 milhões, indicando que, em termos do valor movimentado, o mercado dobrou nos últimos três anos.

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Como seria de se esperar, a maioria das transações acontece dentro de determinadas regiões geográficas. Mais da metade das transações acontece da América do Norte para a América do Norte, da Europa para a Europa e da Oceania para a Oceania.

Os Estados Unidos, é o principal vendedor: apenas no último mês, o país ganhou US$ 4.292.975 com transações desse tipo. No mesmo período, a América do Sul (que tem apenas um vendedor registrado nos oito sites avaliados) não completou nenhuma transação.

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Lado positivo

O pesquisador do mercado de Drogas Tim Bingham, que acompanhou a trajetória da Silk Road, considera que a expansão do mercado da Deep Web era inevitável. “Acho que muitos esperavam que quando a Silk Roaod caísse, outros mercados surgiriam”, disse em entrevista ao Daily Dot. “Essa era a progressão natural – estava fadado a acontecer”.

Bingham ainda acredita que a proliferação de sites de vendas online de drogas é uma tendência que deve se expandir nos próximos anos. Isso porque a centralização em um único site facilita a apreensão e derrubada do mercado pelas autoridades. “Acho que [no futuro] vamos começar a ver mercados sem servidores, onde tudo funcionará no sistema peer-to-peer [P2P, de um usuário para o outro sem mediação do tráfego de dados]”, opina.

John Collins, coordenador do projeto IDEAS de políticas para drogas da London School of Economics, vê umlado positivo nessa movimentação. “A Deep Web pode reduzir os danos das drogas e dos mercados de drogas porque elimina a violência como meio de efetivação de contratos e dá aos compradores mais controle sobre a qualidade”, argumenta.

Embora exista, como indica o estudo da RAND, a preocupação de que esses mercados possam trazer mais pessoas para as drogas, Collins ainda assim os vê com bons olhos. “Acho que no clima atual, em que os danos da proibição e da ‘guerra contra as drogas’ são visíveis em tantos contextos, qualquer coisa que ofereça redução de danos no curto prazo para mercados ilícitos deve ser explorada”, diz.