A ideia de que ficar tirando fotos com o celular te faz aproveitar menos o mundo real pode não ser verdadeira. De acordo com um estudo realizado por pesquisadores de três universidades dos Estados Unidos, selfies podem melhorar o aproveitamento que as pessoas têm de experiências do seu cotidiano.

Publicado no periódico Journal of Personality and Social Psychology, o estudo avaliou o comportamento de mais de 2000 participantes. Os envolvidos participavam de experiências relativamente simples, como visitar um museu, fazer um passeio de ônibus turístico ou comer em uma praça de alimentação, e eram instruídos a tirar fotos ou não tirar.

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Em seguida, os pesquisadores aplicavam aos participantes um questionário elaborado para medir o seu grau de aproveitamento e engajamento com a experiência. 

Engajamento

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O resultado da experiência foi que, na maioria dos casos, os participantes que tiraram fotos da experiência se mostraram mais engajados nela, e relataram maiores níveis de aproveitamento. De acordo com os pesquisadores, esses dois fatores estão relacionados, já que tirar fotos naturalmente faz com que as pessoas fiquem mais imersas na atividade e, portanto, aproveitem-na melhor.

Outra descoberta interessante foi referente aos participantes que fizeram a visita ao museu. Esses participantes usaram óculos especiais que rastreavam o movimento de seus olhos. De acordo com a American Psychological Association, os participantes que tiraram fotos passaram mais tempo olhado as obras do museu do que aqueles que não tiraram.

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De acordo com os autores do estudo, o efeito não se limitou à ação de tirar selfies. Em uma das experiências, participantes relataram maiores níveis de aproveitamento simplesmente porque se concentraram em tirar “fotos mentais” do que estavam fazendo.

Exceções

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Esse resultado, por outro lado, não se repetiu em todas as ocasiões. Em uma das experiências, os participantes podiam escolher entre participar de uma aula de artesanato ou simplesmente observá-la e fotografá-la. Os observadores que tiraram fotos relataram aproveitar melhor a experiência, mas entre os que participaram, tirar fotos não alterou o nível de aproveitamento.

Quando o ato de tirar fotos interferia com a experiência (por exemplo, quando era necessário operar câmeras muito pesadas ou quando o aplicativo de câmera travava), os participantes relataram um aproveitamento menor. Por outro lado, câmeras que gravavam todos os momentos da experiência sem a interferência dos participantes não faziam com que eles aproveitassem melhor os passeios, o que indica que o envolvimento das pessoas no processo é essencial.

Uma das experiências era um safari virtual no qual os participantes viam uma manada de leões atacar um búfalo. Nesse caso específico, participantes que foram instruídos a tirar fotos tenderam a aproveitar menos a experiência. Isso sugere que as experiências negativas também podem ser potencializadas com o aumento de envolvimento que a fotografia traz.