O Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou recentemente uma resolução não-vinculativa que desaprova os países que voluntariamente interrompem o acesso de seus cidadãos à internet. A resolução pode ser lida na íntegra (em inglês) por meio deste link (pdf). Mesmo não sendo membro do Conselho de Direitos Humanos da ONU, o Brasil, assina o documento. 

A decisão da ONU é uma continuidade de seus esforços para proteger os direitos digitais dos povos. A organização defende que “os mesmos direitos que as pessoas têm offline devem ser protegidos também online”. Em particular, a ONU se refere ao artigo 19 da Declaração Universal dos Direitos Humanos (pdf), segundo o qual “Todo indivíduo tem direito à liberdade de opinião e de expressão”.

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Embora tenha sido aprovada por consenso, a resolução sofreu resistência de países com regimes pouco democráticos, como Rússia, China e Arábia Saudita. Mesmo nações com governos menos injustos, como África do Sul e Índia, se opuseram a partes do documento. Em especial, de acordo com o The Verge, esses países foram contra uma passagem que “condena inequivocamente medidas para intencionalmente prevenir ou perturbar o acesso à disseminação online de informação”. 

A ONU não tem poder de garantir o cumprimento de resoluções como essa. A aprovação do documento, entretanto, coloca pressão internacional sobre os governos que desrespeitem as decisões, e ajuda também a validar e legitimar o trabalho de grupos de defesa dos direitos digitais.

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Problema crescente 

Desligamentos totais ou parciais da internet em países inteiros, por iniciativa de seus próprios governos, tem sido relativamente comuns nos últimos meses. Tanto o Vietnã quanto a Argélia desativaram redes sociais no primeiro semestre deste ano; o primeiro deles o fez por contra de protestos populares, e o segundo para impedir que seus alunos colassem em provas de classificação do Ensino Médio.

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Recentemente, o governo do Iraque também desligou totalmente a internet do país para impedir que alunos do ensino médio colassem em exames de acesso ao Ensino Superior. O grupo de defesa dos direitos digitais Acess Now contabiliza 15 desligamentos intencionais da internet por governos em 2015, e 20 apenas na primeira metade de 2016.