Na semana passada, a FDA (Food and Drug Administration), órgão de regulamentação norte-americano, aprovou o uso de um dispositivo que auxilia na perda de peso que está causando preocupação aos médicos do país.

O AspireAssist é um dispositivo que permite retirar a comida ingerida diretamente do estômago do paciente, evitando que seja absorvida pelo corpo. Um tubo com uma válvula é implantado cirurgicamente através do abdómen para o estômago; assim a pessoa pode abrir ou fechar a válvula para drenar a comida.

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O paciente espera de 20 a 30 minutos antes de ligar a bomba de sucção e a comida é drenada e despejada no vaso sanitário. O processo leva cerca de 10 minutos e o produto pode remover até 30% das calorias consumidas, de acordo com Kathy Crothall, presidente e CEO da Aspire Bariatrics, dona do AspireAssist.

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No entanto, médicos estão processando a agência, alegando que tal dispositivo não é seguro e pode levar a distúrbios alimentares graves. “Esta é a primeira vez que eu olho para um dispositivo que foi aprovado pela FDA e fico totalmente chocado que foi aprovado”, afirma José Gutman, endocrinologista. Ele afirma que já reuniu um grupo de 750 médicos que querem processar a FDA e tirar o dispositivo do mercado; seu objetivo é juntar 4 mil médicos.

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Entre os efeitos colaterais indicados pela empresa que criou o produto estão infecções e vazamento do tubo. Mas alguns especialistas temem que o dispositivo possa desencadear transtornos alimentares, uma vez que ele imita a bulimia. Além de que a cirurgia, que dura 15 minutos e não precisa de anestesia geral, pode também causar sangramento, vômitos, náuseas e feridas no interior do estômago.

A empresa diz que a compulsão alimentar no dispositivo não é possível, pois os pacientes devem mastigar os alimentos muito cuidadosamente para conseguir eliminar pelo tubo. Como os pacientes tem que mastigar mais, comem mais devagar e muitas vezes se sentem satisfeitos com uma quantidade menor de comida.

A FDA aprovou o AspireAssist com base em um estudo com 111 pessoas ao longo de um ano, alegando que a aprovação é restrita para pacientes com um IMC entre 35 e 55 que não conseguiram perder peso com terapias não-cirúrgicas.

Como a pesquisa foi feita por pouco tempo, os médicos estão receosos com os efeitos a longo prazo. “Se o dispositivo for usado por um ano ou dois, no momento que você o remover, os pacientes terão 98% de chance de recuperar todo o peso de volta”, explica Raul Rosenthal, presidente da Sociedade Americana de Cirurgia Bariátrica e Metabólica.

Outros preocupam-se que o dispositivo dará aos pacientes a impressão de que eles podem comer tanto o quanto eles querem, porque eles podem simplesmente bombear a comida para fora depois. Enquanto que o ideal é mudar os hábitos alimentares.

Crothall, afirma que cerca de 500 pessoas em todo o mundo já usaram o dispositivo e que ele é seguro e eficaz. O AspireAssist já está em uso na Europa e a empresa planeja expandir em breve para a Austrália, Canadá, Nova Zelândia e América do Sul. “Temos muitos anos de experiência e podemos dizer, sem dúvida, que ter um tubo em seu abdômen por um longo período de tempo é bom”, diz a executiva.

Via The Verge